O estado-maior benfiquista anda com as tensões elevadíssimas - do presidente até ao capitão (que insultou os adeptos no final do jogo da Luz com o Gil Vicente), passando pelo treinador, que andou à pancada com a Polícia no final do jogo em Guimarães.
Não é preciso ser um Einstein para perceber por que é que o SLB está à beira de um ataque de nervos. Acumula prejuízos há cinco anos, ainda não recuperou do traumatismo de um final de época epicamente catastrófico, e após um defeso em que não vendeu e só gastou, comprando por atacado, viveu a novela Cardozo, fez uma pré-época medíocre e entrou no campeonato com o pé esquerdo. Pior era impossível.
Portistas ou sportinguistas, vitorianos ou braguistas, devemos dispensar alguma compreensão face ao desespero dos nossos pobres rivais benfiquistas. Mas essa compreensão não implica pactuar com faltas de educação e maus exemplos. E temos a obrigação de lhes fazer ver que não corrigir as faltas é o mesmo que cometer novos erros.
Errar é humano, mas ainda é mais humano atribuir o erro a outros. O problema é que o Benfica não vai a lado nenhum se em vez de tentar perceber por que é que a equipa falha nos momentos decisivos, para corrigir o que está mal, persistir em atirar a responsabilidade dos seus erros para as costas de um tal "sistema".
O Sistema mais conhecido é o venezuelano. Trata-se da Fundación del Estado para el Sistema Nacional de las Orquestras Juveniles e Infantiles, abreviadamente conhecida como Sistema, cujo trabalho é elogiadíssimo em todo o mundo da música, pois anima 125 orquestras juvenis e deu formação a 370 mil jovens músicos, dos quais 90% de origem pobre, resgatando-os à marginalidade e delinquência.
No futebol também há um sistema - na verdade vários. A FIFA reconhece meia dúzia deles, desde o primitivo 1x1x8, até ao 4x3x3, passando pelos W M, 4x2x4, 4x4x2; e 3x5x2. Há variantes, que podem ser esplanadas dentro das quatro linhas, mas em nenhuma delas estão autorizados a participar os adeptos e treinador (por muito mestre da tática que ele se presuma) e por isso não vêm ao caso.
Luís Filipe Vieira tem de compreender que os exemplos de péssima educação que o Benfica deu no final da Taça de Portugal e as cenas de pancadaria no final dos jogos a que Jesus nos vem habituando (umas vezes dá pancada na polícia ou num jogador do Nacional, noutras leva de Cardozo) são perniciosos e devem ser combatidos.
Em vez de desperdiçarem tempo com desculpas e tentando sacudir as culpas para as costas do sistema, o SLB brilharia a grande altura se recorresse ao Sistema (o venezuelano) para, através do ensino da música, proporcionar uma melhor educação aos seus dirigentes, equipa técnica e jogadores.
P.S.: O SLB tem provas dadas na promoção de espetáculos pós-jogo, como foi o caso da rega e apagão com que brindou a conquista de mais um campeonato pelo Porto. Agora que se estreou nas transmissões televisivas, para conseguir alguma vantagem para a Benfica TV na terrível luta pelas audiências, deveria convencer Jesus a guardar para os jogos na Luz as cenas tristes como a de domingo em Guimarães. [daqui]
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