O enigma foi desvendado, finalmente. As pedras que se movem no deserto do Vale da Morte, nos Estados Unidos, deixaram de ser um dos mistérios mais intrigantes da Geologia. Cientistas explicam fenómeno. O segredo está no gelo e no vento.
As marcas no chão não deixam dúvidas. Estas pedras mexem-se sozinhas. Nada nem ninguém as empurra. Elas deslizam como se tivessem sido arrastadas por uma corda desenhando trilhos no chão.
O mistério perdurou durante um século, até que um grupo de cientistas diz ter descoberto a chave de tão intrigantes movimentos. Três investigadores da Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia, em San Diego, explicam o fenómeno com o efeito do gelo.
A equipa constituída por um engenheiro, um biólogo e uma cientista, instalou uma estação meteorológica na área, equiparam as rochas com um dispositivo semelhante ao GPS, tiraram várias fotografias e captaram um vídeo. Concluíram que as pedras movem-se por causa da brisa do vento, apesar de leve, e do gelo de um antigo lago.
Quando chove de noite, o que é raro naquelas paragens, folhas de gelo muito finas, semelhantes a pequenos estilhaços de vidro, entranham-se no solo e derretem quando o sol nasce no Vale da Morte, tornando o chão lamacento e escorregadio. O vento trata depois de pôr as pedras em movimento.
Em Dezembro do ano passado, os investigadores observaram que «o movimento das rochas ocorre em dias soalheiros e sem nuvens, precedidos de noites geladas» conforme esta escrito no artigo publicado na revista científica PLOS ONE. Até aqui nada de anormal, o mesmo acontece em outros locais do planeta onde o clima é frio.
Mike Hartman |
Aqui tudo é diferente. O Vale da Morte, na Califórnia, é um terreno seco e bizarro. Racetrack Playa, onde em concreto acontece este fenómeno, mais ainda. É plano e tem centenas de pedras. Algumas pesam tanto como uma bola de basebol, outras chegam a pesar mais de 300 gramas mas também se movem.
DR
Situado a mais de mil metros acima do nível do mar, rodeado por montanhas, ocasionalmente, o Vale da Morte fica inundado no inverno por causa da chuva e da neve. E quando as temperaturas durante a noite caem abaixo de zero formam uma camada de gelo muito fina, mas com força suficiente para mover as pedras quando começa a derreter.
Entre Dezembro de 2013 e Fevereiro deste ano, uma série de tempestades criou as condições perfeitas para as pedras de movimentarem, o que acabou por acontecer e para felicidade dos investigadores, eles estavam lá e assistiram a tudo.
Ralph Lorenz, um dos co-autores da teoria, afirma que «é preciso estar lá no momento certo, só que o momento certo, normalmente, coincide com a fase menos hospitaleira daquele local». Richard Norris recorda que «estávamos sentados numa montanha a apreciar a vista quando começou a soprar um vento leve que provocou fissuras no gelo. De repente, todo o processo se desenrolava ali, diante de nossos olhos.» [daqui]
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