Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Alguém se lembra disto?


Alguém se lembra disto?
Depois de tanta conversa sobre os cartoons, ainda não vi nenhuma linha a comparar o que se passa hoje com o que se passou em 1989 e a controvérsia acerca dos Versículos Satânicos de Salman Rushdie.

O seu nome popularizou-se lamentavelmente não devido à sua brilhante produção literária mas à ordem de morte que foi emitida sobre a sua pessoa por Ayatollah Khomeiny pela autoria de Versículos Satânicos.
Ora eu penso que o aconteceu em 89 tem tudo a ver com o que se passa agora, com a variante de agora haver violência e muito mais pressão sobre os governos ocidentais por parte das diversas opiniões públicas.
O Ayatollah Khomeiny divulgou então o seguinte comunicado:
"Eu informo o orgulhoso povo muçulmano do mundo inteiro que o autor do livro Os Versículos Satânicos, que é contrário ao Islão, ao Profeta e ao Corão, assim como todos os implicados em sua publicação e que conhecem seu conteúdo são condenados à morte. (...) Apelo a todo muçulmano zeloso a executá-los rapidamente, onde quer que eles estejam. (...) Todo aquele que for morto nessa empreitada será considerado mártir”.
A Europa aceitou tranquilamente a sentença do Ayatollah. Em vez de isolar o Irão, o Reino Unido passou a dar proteção a Rushdie. Os demais países da comunidade mantiveram-se em silêncio obsequioso. Sem entenderem que não se tratava apenas de proteger um escritor perseguido mas sim de repudiar a pretensão megalômana de um fanático padre persa, que pretendeu legislar inclusive no estrangeiro. A apostasia, ou crime, segundo os muçulmanos, havia ocorrido em Londres, com a publicação do livro. Do alto dos minaretes de Teerão, Khomeiny ordenou não só a condenação à morte – como também a execução da sentença – de Rushdie, assim como todos os implicados na publicação do livro… em território europeu ou onde quer que estes “criminosos” estivessem. Em 1991, o tradutor do livro para o japonês foi assassinado e em 1993 o editor de Rushdie na Noruega foi atacado quando saía de casa.
Só a apatia dos países europeus, na época, pode explicar a reação desmesurada dos árabes às caricaturas anódinas de um obscuro jornal do sudoeste da Dinamarca. Se as democracias ocidentais cortassem relações com o regime do Ayatolah naqueles dias, provavelmente não estaríamos vendo hoje as fogueiras histéricas em toda a Europa e países muçulmanos, onde se queimam bandeiras da Dinamarca e Noruega.
Ainda em 2004, há bem pouco tempo, Salman Rushdie, o autor de Versículos Satânicos, protestou contra a suspensão da peça "Bezhtie" (Desonra) pelo Governo Britânico. A peça, escrita por Gurpreet Kaur Bhatti, membro da comunidade sikh do Reino Unido, provocou violentos protestos por parte dessa mesma comunidade.
Rushdie, confessou-se, em declarações ao The Sunday Telegraph, «horrorizado com a resposta do Governo britânico. É terrível ouvir ministros aprovarem a suspensão da peça e não condenarem a violência, quando deviam apoiar a liberdade de expressão».
Recorde-se que Behzti foi cancelada, depois de grupos sikh terem provocado distúrbios durante a exibição no Birmingham Repertory Theatre. Os motivos do protesto prendem-se com o facto de o guião conter uma cena de violação num templo sikh.
O autor de Versículos Satânicos, contra o qual foi lançada a "fatwa" pelo Ayatollah Khomeini, em 1989, afirma que «os manifestantes sikh adoptaram as mesmas tácticas de violência utilizadas na Índia» e mostrou-se irritado com a cedência das autoridades inglesas, dizendo que «se ficar chateado é o único requisito para banir qualquer coisa então não haveria nada nos teatros».
Os governos ocidentais não podem ter dois pesos e duas medidas para lidarem com extremistas.
Embora um dos cartoons mostre a cabeça de Maomé formada por uma bomba, não é isto o que preocupa os muçulmanos. Seria absurdo protestar contra caricaturas, um recurso rotineiro do jornalismo desde sempre. Alegam então que a religião islâmica proíbe imagens do profeta ou de Alá. O que não passa de um esfarrapado pretexto para agredir a Europa. Iconografia sobre Maomé é o que não falta no Ocidente e inclusive no mundo árabe. Enciclopédias, livros e jornais publicaram desde sempre imagens de Maomé e só hoje, em 2006, os muçulmanos houveram por bem manifestar indignação. Hipocrisia deslavada e mesquinha.
O Diccionario Literario Bompiani, editado em Barcelona, 1963. No segundo volume de Autores, no verbete Mahoma, há nove gravuras do profeta, na maioria da Universidade de Edimburgo, desde seu nascimento até a colocação da pedra negra na Caaba e o encontro com o arcanjo Gabriel. Estas duas últimas gravuras estão em miniaturas de manuscritos árabes. Há também uma miniatura persa do século XV, na qual Maomé monta um camelo diante da sua mulher Khadigia. Ou seja, mesmo em universo muçulmano a imagem do profeta já era reproduzida. Este soberbo dicionário (15 volumes) está publicado nas principais línguas da Europa e nunca vi muçulmano algum condená-lo por blasfémia. A julgar-se pela escalada da violência, vão acabar pedindo a proibição da Divina Comédia, onde Dante joga o profeta no oitavo círculo do Inferno, destinado aos semeadores de discórdia.
Em vez de protestar contra os jornais, os muçulmanos queimam bandeiras e embaixadas dos países envolvidos no assunto. Dirigem-se não aos jornalistas, mas aos Estados. Para um muçulmano, é óbvio que todo Estado tem controle da imprensa. Esta é a norma nas teocracias árabes, onde não há liberdade alguma de expressão. Estes senhores precisarão de mais alguns séculos para entender que, em países democráticos, a imprensa é uma instituição que limita inclusive os desmandos do Estado.
Que a religião islâmica proíba imagens de Maomé, nada tenho contra. Mas não venham estes cortadores de clitóris pretender que países não islâmicos proíbam os seus jornais, enciclopédias, bibliotecas publicar as ditas imagens. Os alaridos do mundo árabe não passam de mera farsa. Que acesso têm à imprensa habitantes de um universo maioritariamente analfabeto? Que acesso tem o mundo árabe a dois jornais da Escandinávia? A onda de protestos não passa de uma agressão planeada à Europa, fruto do ressentimento de habitantes e imigrantes do Terceiro Mundo muçulmano.

0 comentários: