Ontem quando lia o Jornal de Noticias, deparei-me com um titulo de noticia que me deixou desalentado: “Prostituta encontrada morta por uma patrulha da PSP”. Comecei por ler o resto da noticia, e afinal já era “uma mulher de 43 anos, que se dedicava à prostituição(…)a vítima terá morrido na sequência de um roubo por esticão…”. Tudo isto começou por me fazer pensar, porque não fiquei indiferente com os títulos garrafais de “prostituta”, para depois em letras pequenas descrever a mesma pessoa como mulher, o que objectivamente me pôs a pensar sobre será que a morte tem peso, com impacto diferente de acordo com a actividade de cada um? Imediatamente fiquei perturbado, porque os próprios meios jornalísticos são os primeiros a descriminar negativamente as pessoas e os casos. Quando morre uma “prostituta” fica-se pela noticiazinha e quando morre uma criança temos caso para duas semanas. Mas esta reflexão levou-me a casos ainda mais estranhos, como o facto de que para os jornalistas ser normal que durante um dia no Iraque aconteça sete atentados suicidas com dezenas de mortos, tendo neste caso direito a uma insignificante reportagem de 40 segundos! Já alguém contabilizou os mortos iraquianos desde que acabou a guerra, durante a guerra e durante o período de Sadam Hussein? Tenho sérias duvidas sobre se o período mais negro não será o actual. Outra reflexão, que faço constantemente é quanto vale as mortes no Sri Lanka? Já alguém reparou no clima de guerra civil que avassala este país provocando centenas de mortos com o confronto entre o exército cingalês e a guerrilha tamil? Em suma, pretendo apenas tentar deixar uma nota de que a imprensa deveria deixar de ter dois pesos e duas medidas, e tentar de alguma forma dignificar as pessoas até na hora da morte, porque quando morre uma pessoa, seja branco, preto, homem ou mulher, criança ou adulto, Israelita ou Palestiniano, morre sempre um ser humano. A pintura é de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905), “O Dia da Morte” |
0 comentários:
Enviar um comentário