Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Tentativa de linchamento de Pinto da Costa (*)

«Os processos vão sendo sucessivamente arquivados contra Pinto da Costa. Só avançará o "caso do envelope" ao árbitro Augusto Duarte, alegadamente recebido em casa do presidente do FC Porto na véspera de um jogo com o Beira-Mar, na época 2003/04.
Tudo isto significa pelo menos duas coisas: a primeira, e essencial, que convém o Ministério Público arranjar provas antes de acusar alguém;
segundo, que os julgamentos públicos são apenas uma parte da nova sociedade que construímos - e ainda bem que assim é. Mesmo quem, como eu, vê personificados no dirigente desportivo Pinto da Costa (e Valentim Loureiro, e Pimenta Machado) muitos dos males do futebol português não pode deixar de perceber que houve aqui uma tentativa de claro linchamento do ser humano.

Sejamos justos: a senhora Carolina Salgado, testemunha credível para acusar Pinto da Costa, o homem com quem viveu durante quase seis anos, não foi sequer processada quando no seu livro diz muito claramente que foi ela quem fez os contactos para mandar sovar um vereador de Gondomar, de seu nome Bexiga. O homem acabou, certamente por sorte, vivo, apesar de barbaramente agredido, mas a senhora ficou impune e tornou-se numa estrela do jornalismo-benfiquista militante. Diz agora um juiz que o testemunho não é credível. Ou seja, afinal a justiça tem lógica.»

João Marcelino, Director do DN, 14/02/2009


Convém igualmente ler, do mesmo jornalista, o seguinte:

"Uma época em julgamento"
Pinto da Costa e Valentim Loureiro marcaram, para o bem e para o mal (na companhia de Pimenta Machado, ex-presidente do V. Guimarães), os últimos 25 anos do futebol português. Primeiro, retiraram-no de uma ditadura, a do Benfica dos anos 60 e 70, e devolveram-no à democracia alguns anos depois do 25 de Abril.Pode agora parecer bizarro, mas eram os clubes de Lisboa, Benfica, Sporting e Belenenses, que em rotação escolhiam o presidente da FPF, e a partir daí todo o elenco. O Benfica chegou a ter o exclusivo dos bons jogadores (era vulgar serem chamados 13/14 futebolistas do clube aos jogos da selecção A!). Mesmo as arbitragens, que na altura não tinham o escrutínio de uma comunicação plural, eram visivelmente tendenciosas. E foi a partir do Norte, desse triângulo com o vértice maior nas Antas, que as coisas melhoraram.Desde aí, o futebol português foi crescendo e conseguiu êxitos sem paralelo na sua história. Modernizou-se. Modernizou estruturas. Desenvolveu escolas. Formou técnicos e por consequência jogadores. Conseguiu resultados (no FC Porto, ainda no Benfica, em todas as selecções). O FC Porto tornou-se uma potência do futebol europeu e o Boavista passou de clube confidencial a vencedor de um campeonato. Ambos se tornaram escolas de know-how futebolístico, e não é por acaso que o Benfica, por exemplo, recentemente recrutou José Veiga (da escola do FC Porto) e hoje conta com Paulo Gonçalves (formado no Bessa).O problema está em que tanto Pinto da Costa como Valentim Loureiro não souberam estar à altura da História. Mais uma vez a natureza humana baqueou perante o deslumbramento do exercício do poder e o resultado é aquele que se conhece. Mais: se o Ministério Público e a PJ não se tivessem demitido das suas responsabilidades durante pelo menos uma década, é minha convicção pessoal que o processo que hoje escandaliza a opinião pública, e que é conhecido como "Apito Dourado", seria uma brincadeira de crianças comparado com aquilo que em determinadas alturas houve para ser investigado. Aliás, o facto de Pinto da Costa e do seu clube estarem a ser julgados por factos ocorridos numa época em que foram campeões de Portugal, da Europa, e em consequência do mundo, não pode deixar de ser considerado como uma ironia do destino. Por tudo isto, o "Apito Dourado" é, para além de um processo concreto, o julgamento de uma determinada época.Não sei se irão ser descontados pontos ao FC Porto (que vai vencer esta Liga com inegável merecimento), que castigo pode vir a ser aplicado a Pinto da Costa e Valentim Loureiro, ou a essa réplica de aldeia que dá pelo nome de João Bartolomeu. Só sei que a Liga de Hermínio Loureiro faz bem em cortar com a tradição de um passado recente e em avançar com processos desportivos autónomos do tribunal e com calendário próprio. Falta saber se a FPF de Gilberto Madaíl, mai-lo seu tribunal de apelo - o Conselho de Justiça - saberão estar à altura de um novo tempo.Quanto a esperar que Pinto da Costa e Valentim Loureiro saiam de cena ainda pelo próprio pé, é esperar de mais. Pelo contrário, os próximos meses serão de intriga e estratégias estudadas, e até de luta pelo poder na Liga de Clubes e na FPF. "Eles" não querem sair e o pior é se houver alguém que queira aproveitar a oportunidade para entrar com a mesma lógica...

(*) retirado, com a devida vénia, do excelente Reflexão Portista

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