O Benfica e o princípio de Peter (artigo publicadono JN em 05 de Agosto pp)
Vá-se lá saber porquê, a maior parte dos portugueses continua a gozar a maioria dos seus dias de férias neste mês de Agosto. Apesar da campanha, tantas vezes repetida, do "faça férias repartidas", com a desculpa das crianças em idade escolar ou outra qualquer, a verdade é que os nossos compatriotas mantêm Agosto como mês privilegiado das suas férias.
Como o nosso JN não tem férias e eu também estou ao serviço, optei por iniciar as crónicas de Agosto, dando férias aos temas habituais e escolhendo o desporto para variar, mesmo sabendo que não faltam colaboradores no jornal especialmente habilitados para isso.
Ainda assim, não é de tácticas, nem de treinadores que vou tratar. Também não é propriamente de contratações ou dispensas, que costumam animar os tempos de defeso em que ainda estamos. Como não é da vida privada ou das desgraças públicas dos dirigentes dos clubes, nem das peripécias nos tribunais, itens que hoje já se tornaram familiares do noticiário desportivo.
Aquilo que me puxou para o tema também tem a ver com férias. Nestas férias do futebol à séria, prestes a acabar (aliás, que até já acabaram para o Sporting), assisti incrédulo à forma como a generalidade da Comunicação Social portuguesa tentou e tenta erigir o Benfica à qualidade de virtual triunfador da próxima época.
Para quem tenha estado de férias e apenas tenha acompanhado os acontecimentos à distância, sem esmiuçar todos os pormenores, a ideia geral com que ficou é que a próxima época está dispensada de começar: o Benfica já ganhou tudo o que haverá para ganhar.
Fez as melhores contratações. Na verdade, quase nem se percebe se os outros clubes reforçaram as suas equipas com alguém que não tenha subido dos juniores...
Está a ganhar todos os jogos. Na verdade, perdeu logo na apresentação com o Atlético de Madrid e ganhou ao Olhanense o valoroso troféu Guadiana por acaso, depois de ter estado a perder, com um golo, não com a mão de Deus, mas com a mão da "Virgem" Di Maria e outro nos descontos, mas isso agora já não interessa nada.
Tem o melhor plantel nacional. Na verdade, para já estamos em jogos amigáveis onde ninguém se aborrece. Quando começar o futebol a valer, com os adversários a deixarem as pantufas em casa, vamos ver quantos jogos serão capazes de fazer jogadores como Aimar, Saviola, Mantorras ou Carlos Martins, que, por exemplo, no ano passado nem metade dos jogos fizeram. No Benfica, ou fora dele.
Tem a melhor Direcção, agora mais unida e recentemente legitimada. Na verdade, já todos perceberam que a guerra surda entre Vieira e Rui Costa está no auge e que a vitória de Pirro sobre Bruno Carvalho não mudou nada na orgânica do clube da Luz, onde o improviso e a falta de blindagem do grupo de trabalho continuam exactamente como estavam.
Tem a melhor situação financeira dos grandes. Na verdade, não conseguiu vender um único jogador, sendo que a melhor oferta que tinha eram 8 milhões de euros pelo defesa titular da selecção canarinha, enquanto o F. C. Porto vendeu "duas vezes" o desconhecido Cissokho por 15 milhões e voltaram a comprar caro e mau apenas graças à hipoteca que fizeram das receitas de bilheteira dos próximos dez anos.
O que se passa é que se o Benfica não é campeão esta época, vai ser o descalabro total. Acabou-se a margem de manobra e de outras manobras menos limpas como a produção editorial. O desespero dos seus dirigentes e dos seus credores transmitiu-se aos adeptos e aos amigos da Comunicação Social. Todos serão poucos para levar o Benfica ao colo até ao título e atrevo-me a dizer que escusam de estar descansados, porque parece-me que todos serão impotentes para travar a queda vertiginosa no abismo que tem representado o consulado benfiquista do ex-presidente do Alverca.
O princípio de Peter também se aplica ao dirigismo desportivo.
Vá-se lá saber porquê, a maior parte dos portugueses continua a gozar a maioria dos seus dias de férias neste mês de Agosto. Apesar da campanha, tantas vezes repetida, do "faça férias repartidas", com a desculpa das crianças em idade escolar ou outra qualquer, a verdade é que os nossos compatriotas mantêm Agosto como mês privilegiado das suas férias.
Como o nosso JN não tem férias e eu também estou ao serviço, optei por iniciar as crónicas de Agosto, dando férias aos temas habituais e escolhendo o desporto para variar, mesmo sabendo que não faltam colaboradores no jornal especialmente habilitados para isso.
Ainda assim, não é de tácticas, nem de treinadores que vou tratar. Também não é propriamente de contratações ou dispensas, que costumam animar os tempos de defeso em que ainda estamos. Como não é da vida privada ou das desgraças públicas dos dirigentes dos clubes, nem das peripécias nos tribunais, itens que hoje já se tornaram familiares do noticiário desportivo.
Aquilo que me puxou para o tema também tem a ver com férias. Nestas férias do futebol à séria, prestes a acabar (aliás, que até já acabaram para o Sporting), assisti incrédulo à forma como a generalidade da Comunicação Social portuguesa tentou e tenta erigir o Benfica à qualidade de virtual triunfador da próxima época.
Para quem tenha estado de férias e apenas tenha acompanhado os acontecimentos à distância, sem esmiuçar todos os pormenores, a ideia geral com que ficou é que a próxima época está dispensada de começar: o Benfica já ganhou tudo o que haverá para ganhar.
Fez as melhores contratações. Na verdade, quase nem se percebe se os outros clubes reforçaram as suas equipas com alguém que não tenha subido dos juniores...
Está a ganhar todos os jogos. Na verdade, perdeu logo na apresentação com o Atlético de Madrid e ganhou ao Olhanense o valoroso troféu Guadiana por acaso, depois de ter estado a perder, com um golo, não com a mão de Deus, mas com a mão da "Virgem" Di Maria e outro nos descontos, mas isso agora já não interessa nada.
Tem o melhor plantel nacional. Na verdade, para já estamos em jogos amigáveis onde ninguém se aborrece. Quando começar o futebol a valer, com os adversários a deixarem as pantufas em casa, vamos ver quantos jogos serão capazes de fazer jogadores como Aimar, Saviola, Mantorras ou Carlos Martins, que, por exemplo, no ano passado nem metade dos jogos fizeram. No Benfica, ou fora dele.
Tem a melhor Direcção, agora mais unida e recentemente legitimada. Na verdade, já todos perceberam que a guerra surda entre Vieira e Rui Costa está no auge e que a vitória de Pirro sobre Bruno Carvalho não mudou nada na orgânica do clube da Luz, onde o improviso e a falta de blindagem do grupo de trabalho continuam exactamente como estavam.
Tem a melhor situação financeira dos grandes. Na verdade, não conseguiu vender um único jogador, sendo que a melhor oferta que tinha eram 8 milhões de euros pelo defesa titular da selecção canarinha, enquanto o F. C. Porto vendeu "duas vezes" o desconhecido Cissokho por 15 milhões e voltaram a comprar caro e mau apenas graças à hipoteca que fizeram das receitas de bilheteira dos próximos dez anos.
O que se passa é que se o Benfica não é campeão esta época, vai ser o descalabro total. Acabou-se a margem de manobra e de outras manobras menos limpas como a produção editorial. O desespero dos seus dirigentes e dos seus credores transmitiu-se aos adeptos e aos amigos da Comunicação Social. Todos serão poucos para levar o Benfica ao colo até ao título e atrevo-me a dizer que escusam de estar descansados, porque parece-me que todos serão impotentes para travar a queda vertiginosa no abismo que tem representado o consulado benfiquista do ex-presidente do Alverca.
O princípio de Peter também se aplica ao dirigismo desportivo.
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