“E tu acreditas?” – este devia ser o título do último livro de Rui Costa Pinto, “José Sócrates, o homem e o líder”. Este livro começa no preciso momento em que o actual primeiro-ministro e então ministro adjunto com as tutelas do Desporto e da Defesa do Consumidor lhe perguntou irado ao telefone: “E tu acreditas?” – a propósito das questões que Rui Costa Pinto então a trabalhar em “O Independente” lhe colocava a propósito um negócio de resíduos e lixo que ficaria conhecido como o caso Cova da Beira.
As páginas mais interessantes deste livro decorrem entre o fim de Janeiro de 1999 quando esta conversa telefónica teve lugar e a noite de 20 de Fevereiro de 2005 em que o autor se sentou na primeira fila do Altis para ouvir o discurso da vitória de José Sócrates. Passámos os últimos anos a ouvir falar do Freeport, da Cova da Beira e do seu tempo de universidade, mas teremos dificuldade em recordar quem era nesse tempo o actual primeiro-ministro. Rui Costa Pinto faz esse percurso desde 1999. Note-se que Rui Costa Pinto não é um observador neutral ou um coleccionador de factos. Rui Costa Pinto inventaria exaustivamente as situações, identifica todas as citações e em seguida interpreta e produz opinião sobre o que viu, ouviu e leu. A descrição da luta pelo poder travada por Sócrates entre este momento e aquela noite de vitória de 2005 é particularmente interessante. Sobretudo para os socialistas.
Por fim é importante referir que este livro tem uma história antes de chegar às livrarias. Num curto espaço de tempo é o segundo livro sobre José Sócrates que regista dificuldades em chegar ao mercado. O primeiro foi o “Dossier Sócrates” de António Balbino Caldeira. Em ambos os casos os autores com opções políticas notoriamente diferentes procuram que a imensidão dos dados que apresentam garantam a seriedade daquilo que escrevem. Em ambos os casos o silêncio parece abater-se sobre estas obras. Ninguem os desmente mas referi-las é quase interpretado como um gesto de mau tom. Enfim, algo que se dispensava. Por isso estes livros para lá do que revelam, confirmam ou desmentem sobre Sócrates mostram muito sobre a disponibilidade da sociedade portuguesa para viver não caladinha mas sem falar disso. O isso é que vai mudando consoante as circunstâncias e os protagonistas.
(*) in Público
4 comentários:
No Público heimmm... A tua obsessão só é comparável à do do José Manuel Fernandes, que depois de lhe descobrirem a careca, até aparece em acções do PSD.
Caro Vila Pouca
Diga-me lá: pode ser tudo mentira, mas assim sendo, porque não são publicados os livros?
E eu sou tão obsecado como você! Ou não é verdade. Você defende acirradamente um centralista, eu combato um mentiroso e um inimigo do Norte. Simples. Um ideal não se combate, defendo-se. Somos dois, cada um pelo seu lado. Mas um nortenho, como sabe, não verga a cerviz. Um nortenho combate todo e qualquer centralismo, combate todo e qualquer que lhe faça mal. Um nortenho tem honra e memória. E neste país, você conhece tão bem como eu o racismo que um Nortenho sofre. Por isso não é PS, PSD ou qualquer outro partido das extremas que, hoje emdia me convence a apoiar as suas políticas. Afinal, são todos uns centralistas que só pretendem beneficiar a região de lisboa. E como eu já assim pensa 40% da população... Pelo menos esses têm a moral de dizer que não confiam em biltres.
Eu não vou discutir política contigo. Só te digo isto e para terminar: se tu, criticasses tanto o Sócrates como a Manuela Ferreira Leite, em relação ao centralismo - não sou funcionário público, não dependo de nenhum tacho estatal, nem defendo acerrimamente o Sócrates -, aos investimentos no norte, no apoio às empresas nortenhas, grandes exportadoras, eu nem sequer comentava o que escreves, mas tu não, tu atiras- te ao actual PM, mas sobre a Manela, reaccionária, passadista, anti- regionalização, nada, nem uma palavra.
Quanto à tua suposta e patética superioridade moral, segundo a qual, os que se abstiveram é que são os sábios, os inteligentes, os que não dependem disto ou daquilo, é um exercício de desonestiade intelectual que não esperava de ti. Enganei-me, acontece...
Passa bem
Caro Vila Pouca
"Não me atiro à MFL"... Claro, ela não está no poder... Claro que poderia dizer que em tempos passados teve o habital amor centralista ao aceitar uns papeis de um clube do regime para lhes salvar a pele. Eis. De resto, como tenho dito, todos eles, ps, psd e até os extremistas são todos iguais. Não me conheces, pois se tal acontecesse só verias em mim uma ideologia: eu sou acérrimo defensor do Condado Portucalense, por isso combato aqueles que o limitam e o prejudicam. E quem está no poder é o mais visado, como é óbvio. Por agora sócrates e o ps. Noutros tempos outros. Mas que raio: o ps está no poder à perto de 16 anos. Nesses 16 anos o Norte tem vindo a perder quase tudo. Vou bater-lhes palmas? Eu já disse por aqui: fui membro do PPD de Sá Carneiro. Tive a felicidade de crescer políticamente com ele. Conheci-o pessoalmente, convivi com ele e bebia as suas palavras. Quando ele foi assassinado, acabou-se o meu partidarismo. Abandonei a filiação e passei a ser convicto nortista. Nada mais conta.
Nota: continuo a dizer que não é política que me vai afastar de quem aprecio. E eu continuo a apreciar a tua excelência.
E agora vou, pois está ali uma mariscada à minha espera. Abraço
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