1. O pensamento nunca está de férias, a não ser o dos idiotas que o não têm e, por isso, jamais o põem em acção. Quem o tem está sempre atento e de vigia; não se distrai daquilo que o cerca.
Daria para rir; se o assunto não fosse demasiado sério.
Têm andado persistentemente a dividir o país em duas partes bem diferenciadas, em duas castas de intocáveis.
A Norte moram os párias, os imorais, os vigaristas, os batoteiros, os trapaceiros, os malvados, os sujos, os espertos e desonestos; a Sul moram os nobres, os sérios, os santos, os limpos, os honrados, os puros e castos.
Autarcas corruptos e cúmplices com o futebol só os há no Norte (exceptuando o actual Presidente da CMP); os do Sul não têm nada a ver com isso. O Norte é coutada de gente reles, rude, grosseira e má; o Sul é reserva de gente fina, educada, civilizada e de boas maneiras.
Por isso há que ensinar e vergar o Norte, retirar-lhe importância e submetê-lo aos ditames da capital.
Sim, é isso que jornais e estações de rádio e televisão não se cansam de apregoar aos quatro ventos, de há anos a esta parte. É essa a ladainha que não cessa de ser propagada pelos media.
E nós temos que aguentar, quietos e calados, esta afronta, caçoada e mangação, por não dispormos das mesmas armas, já que tudo está sedeado em Lisboa.
Levamos, anos a fio, com uma campanha de manipulação e intoxicação da opinião pública, que não tem outro intento a não ser o de nos tirar o mérito, diminuir, rebaixar e desmoralizar.
O mísero programa Os Donos da Bola de outrora é hoje substituído pelo condicionamento diário dos telejornais. A toda a hora temos que suportar o alarido feito pelos serventuários do poderio encarnado que enxameiam os media.
Não passa um dia em que essas fontes de informação, dita credível e em segredo de justiça, não surjam como aliados das instituições e agentes desta; e não agitem e distorçam o processo do Apito Dourado, sempre com a mesma intenção: agredir, amedrontar e amesquinhar o Porto.
E agora, perante o aparecimento de um dossier anónimo - rotulado de apito encarnado - têm o desplante de vir dizer que o mesmo visa acirrar as disputas e guerrilhas entre o Norte e o Sul !
Os incendiários querem culpar outros pelo incêndio que eles atearam. Que grande lata !
A razão e a experiência ensinam que não existem factos em si mesmo; eles adquirem existência, expressão e dimensão a partir das histórias que deles se fazem, das perspectivas e interesses de quem os relata e divulga.
É por isso que há versões distintas, aumentadas e modificadas dos factos. Basta ver; p. ex. , o modo bem diverso como castelhanos e portugueses referem as batalhas travadas entre si.
Também neste caso do apito dourado e do dossier anónimo é assim. As notícias, feitas nos media, sobre o primeiro não merecem mais crédito do que as notícias acerca do segundo.
Todas são histórias contadas à medida das conveniências dos seus autores.
Conheço os valores da cumplicidade e solidariedade. Isso não me obriga a ser fiador da moralidade daqueles que me são próximos, a tecer-lhes cantos e louvores.
Mas obriga-me a não assistir, em silêncio e em atitude de oportunismo, a campanhas de destruição, ausentes dos sentidos da equidade, da ética e da justiça.
Aos meus ouvidos soa iniludível e tonitruante a advertência de Miguel Torga, o maior dos transmontanos e um dos portugueses cimeiros: «MALDITO SEJA QUEM SE NEGA AOS SEUS, NAS HORAS MAIS APERTADAS !»
2. Dizem que o SLB vai entrar num nova era. Que bom ! E que ainda não percebeu que o país mudou em 1974.
Até agora tem tentado repor o regime anterior:
Assim foi coerente na contratação do novo treinador. Sendo expressão do centralismo em Portugal, foi buscá-lo a Madrid, símbolo do centralismo da Espanha e, se adormecermos, da Ibéria.
Para cúmulo despediu Fernando Santos de uma maneira bem reveladora da transparência que inunda aquelas paragens.
Se isto sucedesse no FCP, teríamos mais uma cruzada mediática contra ele.
Ao invés, o timoneiro encarnado continua a ser incensado como o génio da lâmpada, apesar de fundida e sem luz.
Daria para rir; se o assunto não fosse demasiado sério.
Têm andado persistentemente a dividir o país em duas partes bem diferenciadas, em duas castas de intocáveis.
A Norte moram os párias, os imorais, os vigaristas, os batoteiros, os trapaceiros, os malvados, os sujos, os espertos e desonestos; a Sul moram os nobres, os sérios, os santos, os limpos, os honrados, os puros e castos.
Autarcas corruptos e cúmplices com o futebol só os há no Norte (exceptuando o actual Presidente da CMP); os do Sul não têm nada a ver com isso. O Norte é coutada de gente reles, rude, grosseira e má; o Sul é reserva de gente fina, educada, civilizada e de boas maneiras.
Por isso há que ensinar e vergar o Norte, retirar-lhe importância e submetê-lo aos ditames da capital.
Sim, é isso que jornais e estações de rádio e televisão não se cansam de apregoar aos quatro ventos, de há anos a esta parte. É essa a ladainha que não cessa de ser propagada pelos media.
E nós temos que aguentar, quietos e calados, esta afronta, caçoada e mangação, por não dispormos das mesmas armas, já que tudo está sedeado em Lisboa.
Levamos, anos a fio, com uma campanha de manipulação e intoxicação da opinião pública, que não tem outro intento a não ser o de nos tirar o mérito, diminuir, rebaixar e desmoralizar.
O mísero programa Os Donos da Bola de outrora é hoje substituído pelo condicionamento diário dos telejornais. A toda a hora temos que suportar o alarido feito pelos serventuários do poderio encarnado que enxameiam os media.
Não passa um dia em que essas fontes de informação, dita credível e em segredo de justiça, não surjam como aliados das instituições e agentes desta; e não agitem e distorçam o processo do Apito Dourado, sempre com a mesma intenção: agredir, amedrontar e amesquinhar o Porto.
E agora, perante o aparecimento de um dossier anónimo - rotulado de apito encarnado - têm o desplante de vir dizer que o mesmo visa acirrar as disputas e guerrilhas entre o Norte e o Sul !
Os incendiários querem culpar outros pelo incêndio que eles atearam. Que grande lata !
A razão e a experiência ensinam que não existem factos em si mesmo; eles adquirem existência, expressão e dimensão a partir das histórias que deles se fazem, das perspectivas e interesses de quem os relata e divulga.
É por isso que há versões distintas, aumentadas e modificadas dos factos. Basta ver; p. ex. , o modo bem diverso como castelhanos e portugueses referem as batalhas travadas entre si.
Também neste caso do apito dourado e do dossier anónimo é assim. As notícias, feitas nos media, sobre o primeiro não merecem mais crédito do que as notícias acerca do segundo.
Todas são histórias contadas à medida das conveniências dos seus autores.
Conheço os valores da cumplicidade e solidariedade. Isso não me obriga a ser fiador da moralidade daqueles que me são próximos, a tecer-lhes cantos e louvores.
Mas obriga-me a não assistir, em silêncio e em atitude de oportunismo, a campanhas de destruição, ausentes dos sentidos da equidade, da ética e da justiça.
Aos meus ouvidos soa iniludível e tonitruante a advertência de Miguel Torga, o maior dos transmontanos e um dos portugueses cimeiros: «MALDITO SEJA QUEM SE NEGA AOS SEUS, NAS HORAS MAIS APERTADAS !»
2. Dizem que o SLB vai entrar num nova era. Que bom ! E que ainda não percebeu que o país mudou em 1974.
Até agora tem tentado repor o regime anterior:
Assim foi coerente na contratação do novo treinador. Sendo expressão do centralismo em Portugal, foi buscá-lo a Madrid, símbolo do centralismo da Espanha e, se adormecermos, da Ibéria.
Para cúmulo despediu Fernando Santos de uma maneira bem reveladora da transparência que inunda aquelas paragens.
Se isto sucedesse no FCP, teríamos mais uma cruzada mediática contra ele.
Ao invés, o timoneiro encarnado continua a ser incensado como o génio da lâmpada, apesar de fundida e sem luz.