Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

O Priorado do Cifrão - João Aguiar

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Graças ao meu irmão Zé Luis, que o conheceu pessoalmente em África, fui introduzido no universo literário de João Aguiar. Devoro as suas obras com avidez... Há algum tempo atrás referi neste blogue a ausência nos escaparates de novos escritos daquele escritor... Pois bem, "ele ouviu-me" e fez-me a vontade: no dia 7 de Novembro surge O PRIORADO DO CIFRÃO.

Numa sessão de lançamento na Póvoa de Varzim, a 14 de Novembro, João Aguiar assinalou os objectivos subjacentes à escrita desta nova obra: "este é um livro de sátira que espero que faça rir e sorrir algumas pessoas e também que, de certo modo, lhes crie angústia e as faça pensar. Procurei escrever um livro que dê prazer a ler e provoque emoções."

O escritor João Aguiar afirmou que o seu novo romance pretende reflectir sobre o actual "surto de livros 'light' "."De facto - disse o escritor à agência Lusa - neste momento temos um surto dos chamados livros 'light' ou de literatura que é puramente comercial, que caracteriza o momento actual e convém raciocinar sobre ele".

Aguiar aproveita para ajustar contas com um certo modo de estar na sociedade portuguesa neste mundo globalizado e de grandes grupos económicos. "Tenho lido muita coisa e dei-me conta da projecção e dos efeitos que determinado tipo de livros, supostamente baseados em pesquisa histórica, estavam a ter. Percebi que a actualidade que nos rodeia é cercada pela ignorância.Temos uma elite que sabe cada vez menos ". Acrescenta que "a crise mental que afecta uma grande parte da nossa sociedade atinge tais dimensões que costumo dizer que estamos de novo a viver um tempo de trevas. O problema é a qualidade da informação transmitida que está cada vez mais pobre".

Aguiar defende que "a escrita é um exercício de sedução, mas há que pôr o leitor a pensar, não chega apanhar o leitor pela curiosidade ou pelo 'suspense' ". Estes são objectivos que o escritor assinalou à Lusa crer ter alcançado neste novo livro, editado pela Divisão Editorial Literária de Lisboa (DEL-L) da Porto Editora.

A narrativa de "O Priorado do Cifrão" abre com o misterioso assassinato de um catedrático com um alfinete de chapéu de senhora na Secção Mesopotâmia do Museu Britânico. O catedrático de Bristol preparava um livro em "que atacava com erudição e desusada virulência um autor americano, Ben Browning, o mesmo que publicara 'The Carvaggio Papers', romance que conhecera um êxito sem precedentes".

João Aguiar recusa que seja "apenas uma 'charge' a Dan Brown e ao seu Código Da Vinci". "Eu nem falo no nome desse autor, nem no do seu livro", disse, sorridente.

"O Priorado do Cifrão" foi escrito em seis meses mas o autor pensou-o e estruturou-o "mentalmente" durante um ano. "A ideia do livro foi crescendo devagar e de repente dei com ele estruturado e fui avançando, não foi um trabalho metódico", explicou.

Com cerca de 400 páginas, "um dos seus livros mais longos", Aguiar reconheceu que "tem estrutura complexa". "O [escritor] Miguel Real disse-me por acaso que considera que este é o livro mais complexo que escrevi até agora. Eu não sei, não me cabe a mim fazer esse tipo de julgamentos. Mas eu julgo que o livro de facto é complexo. Essa complexidade de qualquer modo tornou-se quase necessária. Não foi voluntária, aconteceu porque a ideia que eu tinha exigia determinada evolução dos acontecimentos e acabou por ficar assim", disse.

Autor de 16 romances, incluindo o agora publicado, João Aguiar afirma que escreve para ser lido, mas não procura o "efeito narrativo". "Eu escrevo porque quero ser lido, mas não sou capaz de pensar directamente no leitor quando estou a trabalhar, ou em criar este ou aquele efeito. Depois espero só que gostem", disse.
"Uma literatura boa, com 'l' maiúsculo não tem de ser uma literatura difícil de ler, pelo contrário. É importante haver a diferença entre a concessão baixa, direi mesmo mercenária, e a boa literatura. Eu tento colocar-me do lado da boa literatura. Se o consigo ou não, os outros julgarão", argumentou.

Com este título, João Aguiar muda de editora, saindo da Asa. "Quem não está bem, muda-se, e eu não estava nada satisfeito com a Asa nestes últimos tempos. Aquela coisa da compra da Asa pela LeYa tem aspectos que não me agradam nada", afirmou, referindo a amizade que o liga "há vários anos" a Manuel Alberto Valente, que era o director-geral da Asa e hoje está na DEL-L.


Sinopse
Em Londres, na sala do Museu Britânico onde está exposto o Estandarte de Ur, foi encontrado morto Sir Alastair Hopkins-Smith, um conhecido académico inglês. O corpo estava numa estranha posição, com o polegar da mão direita metido na boca, como se estivesse a chuchar no dedo.Paralelamente, há outras ocorrências: o desaparecimento misterioso, na Áustria, de outro académico, o Prof. Heinrich Loewe; e a morte, num acidente de viação suspeito, de um escritor português, Alfredo Estria, um velhote excêntrico que escreve e publica obras de cunho esotérico. Há algo de comum nos três homens: todos eles se preparavam para atacar violentamente um livro que acaba de ser lançado nos Estados Unidos e promete ser um êxito mundial, o romance The Caravaggio Papers, de Ben Browning, que, através de um suspense bem urdido, passa a mensagem de que, na sua origem, a doutrina cristã era de tipo orgiástico… The Caravaggio Papers foi publicado por um grande grupo editorial de origem americana, a Thoth International, que detém uma editora portuguesa, a Codex 3, onde trabalha Miguel, o jovem protagonista deste romance.

João Aguiar (1943, -)
Literatura Contemporânea

Biografia
João Aguiar nasceu em Lisboa em 1943. Licenciou-se em Jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas, tendo trabalhado como jornalista na imprensa, na rádio e na televisão.

Títulos
João Aguiar é autor de numerosos romances, vários deles com uma forte influência de figuras e episódios da História de Portugal.
1984 - A Voz dos Deuses
1986 - O Homem Sem Nome
1988 - O Trono do Altíssimo
1990 - O Canto dos Fantasmas
1992 - Os Comedores de Pérolas
1994 - A Hora de Sertório
1995 - A Encomendação das Almas
1996 - O Navegador Solitário

1997 - Inês de Portugal
1998 - O Dragão de Fumo
2000 - A Catedral Verde
2001 - Diálogo das Compensadas
2003 - Uma Deusa na Bruma
2004 - O Sétimo Herói
2006 - Lapedo – Uma Criança no Vale
2008 - O Priorado do Cifrão
É também autor das colecções infanto-juvenis:
1997 - O Bando dos Quatro
(?) - Sebastião e os Mundos Secretos

Já agora, eu tenho todos os seus livros todos e gostava de ter o seu autógrafo... Será possível?

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