Há uma teoria corrente em Portugal que tem por axioma que é necessária a eliminação do FC Porto para se salvar o futebol em Portugal. Sobretudo por estas razões:
- Porque ganha muito e pouco deixa para os outros.
- Porque mesmo a ganhar não potencia o negócio-futebol.
- Porque, apesar de tantas conquistas, continua a ser um clube regionalista e regional.
- Porque não olha a meios para conseguir triunfar.
- Porque o seu presidente convida árbitros para tomar café lá em casa.
A inveja, sabe-se, é um pecado mortal. A perseverança uma qualidade humana que nos fez divergir dos outros primatas. Ou mesmo de animais predadores e de rapina.
Durante muitos anos, repare-se também, o FC Porto não teve um símbolo. Antes de Pinto da Costa reparar no dragão que está no emblema do clube e da cidade que deu nome a Portugal, o símbolo portista era mesmo uma anedota - o "Andrade", figura antiga da história portista do tempo em que o futebol se jogava em pelados. resultado de uma disenção de irmãos a propósito de um recinto utilizado pelo clube.
O Sporting tinha o leão, o rei da selva.
O Benfica a águia, a rainha dos céus.
O FC Porto tinha uma caricatura.
Os últimos vinte anos do século XX e os primeiros do século presente perturbaram o normal curso da história. Assistiu-se a uma espécie de invasão dos bárbaros que urge combater com todas as armas. Esquece-se o povo, porém, que os bárbaros somos nós. Como nos diz a história de Portugal, quase tudo o que somos devemo-lo aos romanos e aos ditos mouros. Curiosamente, estes últimos regressaram ao nosso imaginário na figura de adversários dos portistas mais fundamentalistas.
Em tempo de guerra não se respeita ninguém...esquecendo-se, por exemplo, que aos árabes devemos quatro séculos de progresso que nem o poder da reconquista conseguiu arrasar.
E que Lisboa, por exemplo, a cidade que muitos portistas querem ver a arder, teve no século X um governador mestiço, ou seja, muito antes de Barack Obama ser eleito presidente do Quénia, perdão, dos Estados Unidos.
Como se pegou na história como exemplo - e outro melhor não há -, continuo a acreditar que precisaremos de tempo e de distância para perceber a grandeza da obra realizada no FC Porto nos últimos 20/30 anos. Do FC Porto e do seu pontífice máximo, Jorge Nuno Pinto da Costa I e último. Não me estou a referir aos campeonatos conquistados, às conquistas internacionais, ao carisma do líder e à afirmação de uma identidade emocional. Estou apenas a afirmar uma realidade que muitos já quiseram contornar mas que nunca conseguiram.
Porque a história não se apaga - quando muito, adormece durante algum tempo.
O que ficou e o que está lá é a força de um clube que corre a galope do homem que nasceu para o que faz. E que mais uma vez irá provar que trata das crises como D. Afonso Henriques tratava dos mouros ou mesmo da mãe. Não me venham dizer que o primeiro rei de Portugal não devia ter usado todos os meios para atingir os fins que todos conhecemos. Ou devia ter tido visão de longa distância na perspectiva de que Portugal seria um mau país e uma boa província espanhola.
É isso. Convém lembrar de vez em quando que o futebol é uma guerra e que o ódio dos inimigos é proporcional à força das nossas hostes. E, caramba, essa história do regionalismo se calhar não é um defeito mas apenas uma qualidade. Ninguém troca um queijo da serra por uma embalagem de "La vache qui ri".
Autor: EUGÉNIO QUEIRÓS, in jornal lisboeta e anti-portista Record
- Porque ganha muito e pouco deixa para os outros.
- Porque mesmo a ganhar não potencia o negócio-futebol.
- Porque, apesar de tantas conquistas, continua a ser um clube regionalista e regional.
- Porque não olha a meios para conseguir triunfar.
- Porque o seu presidente convida árbitros para tomar café lá em casa.
A inveja, sabe-se, é um pecado mortal. A perseverança uma qualidade humana que nos fez divergir dos outros primatas. Ou mesmo de animais predadores e de rapina.
Durante muitos anos, repare-se também, o FC Porto não teve um símbolo. Antes de Pinto da Costa reparar no dragão que está no emblema do clube e da cidade que deu nome a Portugal, o símbolo portista era mesmo uma anedota - o "Andrade", figura antiga da história portista do tempo em que o futebol se jogava em pelados. resultado de uma disenção de irmãos a propósito de um recinto utilizado pelo clube.
O Sporting tinha o leão, o rei da selva.
O Benfica a águia, a rainha dos céus.
O FC Porto tinha uma caricatura.
Os últimos vinte anos do século XX e os primeiros do século presente perturbaram o normal curso da história. Assistiu-se a uma espécie de invasão dos bárbaros que urge combater com todas as armas. Esquece-se o povo, porém, que os bárbaros somos nós. Como nos diz a história de Portugal, quase tudo o que somos devemo-lo aos romanos e aos ditos mouros. Curiosamente, estes últimos regressaram ao nosso imaginário na figura de adversários dos portistas mais fundamentalistas.
Em tempo de guerra não se respeita ninguém...esquecendo-se, por exemplo, que aos árabes devemos quatro séculos de progresso que nem o poder da reconquista conseguiu arrasar.
E que Lisboa, por exemplo, a cidade que muitos portistas querem ver a arder, teve no século X um governador mestiço, ou seja, muito antes de Barack Obama ser eleito presidente do Quénia, perdão, dos Estados Unidos.
Como se pegou na história como exemplo - e outro melhor não há -, continuo a acreditar que precisaremos de tempo e de distância para perceber a grandeza da obra realizada no FC Porto nos últimos 20/30 anos. Do FC Porto e do seu pontífice máximo, Jorge Nuno Pinto da Costa I e último. Não me estou a referir aos campeonatos conquistados, às conquistas internacionais, ao carisma do líder e à afirmação de uma identidade emocional. Estou apenas a afirmar uma realidade que muitos já quiseram contornar mas que nunca conseguiram.
Porque a história não se apaga - quando muito, adormece durante algum tempo.
O que ficou e o que está lá é a força de um clube que corre a galope do homem que nasceu para o que faz. E que mais uma vez irá provar que trata das crises como D. Afonso Henriques tratava dos mouros ou mesmo da mãe. Não me venham dizer que o primeiro rei de Portugal não devia ter usado todos os meios para atingir os fins que todos conhecemos. Ou devia ter tido visão de longa distância na perspectiva de que Portugal seria um mau país e uma boa província espanhola.
É isso. Convém lembrar de vez em quando que o futebol é uma guerra e que o ódio dos inimigos é proporcional à força das nossas hostes. E, caramba, essa história do regionalismo se calhar não é um defeito mas apenas uma qualidade. Ninguém troca um queijo da serra por uma embalagem de "La vache qui ri".
Autor: EUGÉNIO QUEIRÓS, in jornal lisboeta e anti-portista Record
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