A área do euro está em recessão; no entanto, o índice accionista de referência situa-se aos níveis mais altos desde agosto de 2011. No Japão, o PIB anda às arrecuas, mas tal não impediu o índice Nikkei de escalar para promontórios não visitados há oito meses. A cimentar o paradoxo, a recuperação da atividade dos EUA e da China não evitou um subdesempenho dos respetivos mercados acionistas. Porquê tamanha disfunção? Na zona do euro, a quase certa resolução do problema de financiamento da Grécia reduziu o risco de implosão da moeda única e abriu a possibilidade do BCE tranquilamente injectar mais uma dose de estímulo monetário. No Japão, a gravidade da situação económica está a inflamar as tentações inflaccionistas da classe política. Nos EUA e na China, são as hesitações na definição do rumo da política económica para 2013 que estão a suscitar desconforto. Parece vislumbrar-se uma mensagem subliminar dos investidores para os políticos: entendam-se!
A elevada correlação entre moeda e lucros estabelece relação estreita entre política monetária e mercados acionistas
empresas, pelo que a massa monetária determina os lucros, sobretudo em períodos de grande activismo da política monetária. É bom notar que esta relação é independente da situação conjuntural da economia: enquanto a massa monetária se expandir, os lucros das empresas crescerão e os índices accionistas valorizar-se-ão, mesmo em situações recessivas. Daqui decorre que o cumprimento das “promessas” dos principais bancos centrais de intensificação sustentada do ritmo de injecção de liquidez trará, mais tarde ou mais cedo, uma valorização dos índices accionistas. Isto, claro, até que as taxas de juro superem a taxa de crescimento da massa monetária, algo que algures no tempo terá que se materializar, mas que as autoridades monetárias procurarão retardar a todo o custo por implicar uma depressão certa.
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