Ode ao Porto

"Não nasci no Porto. Quando era pequena, para ir de Amarante ao Porto, demorava uma hora e meia - talvez duas, não sei bem, não tinha noção do tempo - pela estrada nacional.

Todas as minhas férias eu ia para Gaia, para casa de uma tia. Aí, ir ao Porto era constante. Lembro-me que ficava radiante quando ia ao cinema, ao Pedro Cem. Depois a Tubitek (que aperto me dá este nome!), um ícone agora extinto do qual os meus tios eram donos, fazia as minhas delicias.

A praça dos cavalos, o livrinho pequenino de histórias infantis que a minha tia me comprava, as iluminações de Natal, a rua de Santa Catarina. As castanhas assadas e os almoços n'A Brasileira. Os jogos nas Antas com o meu Pai, as compras para o mês numa grande superfície com a minha Mãe. Saudades, saudades e mais saudades.

Depois cresci, foi altura de ir para a faculdade. "O Porto é a minha única opção", dizia eu ao professor orientador que argumentava que para bem da minha saúde eu devia escolher a Beira Interior, Braga ou Vila Real.

Para bem da saúde do meu coração, eu escolhi o Porto.

Vivi no Porto até me mudar para o continente americano, há três meses. Eu sei que vou voltar porque se a nossa casa é onde o nosso coração está, então a minha casa é o Porto. E vou voltar a visitar os jardins do Palácio e nadar nas nossas águas geladas. E vou outra vez com o meu Pai comer uma bifana naquela casa mítica. Conga, é assim que se chama?

E vou voltar à minha casa.

Não nasci no Porto, já o disse. Mas o Porto é o meu Berço, a minha Escola, e quero que seja o meu Destino.

Porto, não sei quando te comecei a amar. Mas sei que é para sempre. Para todo o sempre. "

Diana Vasconcelos, desde Chicago

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