Brasileiros de torna-viagem ou brasileiros oitocentistas eram cidadãos portuenses que tinham emigrado para o Brasil e voltavam enriquecidos à sua terra natal. No Porto, cidade onde o espírito do negócio era dominante, sentiram-se à vontade e dominaram as transações comerciais com o Brasil - vários deles continuaram com interesses financeiros naquele país - tanto mais que alguns eram proprietários de embarcações que navegavam entre Portugal e o Brasil. Possuíam, assim, condições de excelência para o comércio de importação/exportação, contribuindo desta forma para aumentar a preponderância da cidade do Porto como praça comercial.
Na vida política, esses "brasileiros" foram figuras influentes de grande prestígio, implicando-se ativamente na dinamização dos seus partidos. Desempenharam, também, cargos de relevo como parlamentares, tanto na Câmara dos Deputados como na Câmara dos Pares e na Presidência da Câmara Municipal do Porto. E a sua contribuição foi, ainda, decisiva para o desenvolvimento do tecido urbano, ao impulsionarem a urbanização da cidade e a construção civil, erigindo casas cujos pormenores arquitetónicos foram alvo da observação no referido percurso cultural de junho.
Um dos mais conhecidos "brasileiros de torna-viagem" foi o Conde da Silva Monteiro, a quem pertenceu o palacete da Rua da Restauração onde está sediada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, que chegou a ser considerado a casa mais luxuosa do Porto. Avô das fundadoras da Escola de Música Silva Monteiro, este importante comerciante, empresário e filantropo da cidade presidiu aos bombeiros, à Associação Comercial e à Sociedade Palácio de Cristal, sendo vice-presidente da Câmara de 1876 a 1877. [daqui]
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