"Seria um brutal conflito de interesses se tivessem de investigar o benfica"

Em entrevista ao Der Spiegel, Rui Pinto acusa clube da Luz de "criar um polvo de influências" entre a elite da nação

Em prisão preventiva há nove meses, Rui Pinto voltou a apontar o dedo às autoridades portuguesas, que "persegue os denunciantes" porque "tem medo" do que estes podem revelar.

Numa grande entrevista à Der Spiegel, o hacker, acusado de 147 crimes, explicou que "o futebol é intocável", porque as pessoas "não querem saber" de crimes ou fraudes "desde que a sua equipa ganhe".

O futebol "tem sido a mesma m**** durante anos", criticou: "E vai continuar a ser. Não posso lutar contra isso. As autoridades protegem o sector por causa do muito interesse do público".

Falando em particular do caso que o envolve, o denunciante do Football Leaks considera que só foi detido porque "as autoridades português têm medo do que eu sei".

"Por isso é que é importante eu manter-me lúcido. No início, eu tirava notas no meu portável, mas tiraram-mo. O meu advogado disse que isso era ilegal, mas não foram os guardas que mo retiraram, foram os procuradores. Fazem o que lhes apetece. Passou um mês até que me devolvessem o portátil", acusou.

Rui Pinto implicou directamente o Benfica, "o clube mais popular em Portugal".

"Criou um polvo de influência entre a elite da nação. O clube tem boas ligações com a polícia, os procuradores e os políticos, é normal dar-lhes bilhetes VIP para os jogos do Benfica. Seria um brutal conflito de interesses se alguma vez tivessem de investigar seriamente o Benfica", afirmou Rui Pinto.

O hacker disse ainda que a única colaboração oferecida pelos procuradores "foi para me incriminar voluntariamente".

"Não querem usar a informação que eu recolhi, que contém muitos indícios de crimes cometidos por pessoas poderosas do mundo do futebol. O único que é acusado sou eu, o denunciante. Apresentam-me como um perigo público", concluiu Rui Pinto.