BENFICA e FC Porto estão finalmente unidos: unidos na desgraça holandesa. Para quem esperava que a contratação de dois treinadores holandeses por parte dos dois maiores clubes portugueses viesse revolucionar o respectivo jogo, trazer ao nosso campeonato a versão moderna do tal «futebol total» que imortalizou a escola holandesa e pôr um e repor o outro no trilho da Europa de luxo, estes primeiros três meses da experiência holandesa têm sido frustrantes.
Ambos estão à beira de ser implacavelmente afastados da Liga dos Campeões e em risco até de o serem também da Taça UEFA, desperdiçando a sorte que os colocou em dois grupos classificativos perfeitamente acessíveis, e depois de públicas e reiteradas demonstrações de medo, falta de ambição, de estratégia e de clarividência. E se, internamente, o Benfica caminha vários passos atrás do FC Porto (8 pontos), num impensável 6.º lugar, também é verdade que já venceu no Porto, onde Koeman deu uma lição de estratégia a Adriaanse
Olhando para este primeiro terço de campeonato e para o que treinadores portugueses têm feito à frente de equipas como Nacional, Sp.Braga e Vitória de Setúbal, só podemos concluir que se Koeman e Adriaanse fossem portugueses já estariam despedidos.
Bem vistas as coisas, Koeman tem mais desculpa do que Adriaanse. O Benfica dispõe de pouco mais de metade do orçamento do FC Porto, tem tido menos apoio do público no seu estádio e tem, sobretudo, pior equipa e pior banco. Independentemente dos erros cometidos, Koeman tem ao seu dispor o que tem e o que tem é manifestamente pouco para as ambições alimentadas pelos seus dirigentes. Não é por acaso que estes já puseram em marcha a campanha de sensibilização dos árbitros e da Comissão de Arbitragem, aliás fundada em pretensas razões de queixa ridículas: quando não se tem cão, caça-se com gato.
Já no FC Porto, as coisas são radicalmente diferentes. O que não tem faltado ali são milhões ao desbarato para comprar jogadores em série—doze a quinze emcada ano que passa — e pagar salários de luxo ao primeiro que aparece ao virar da esquina.Ese Adriaanse pode dizer que a equipa não é dele, mas do presidente (o que é verdade), também é duvidoso que fosse melhor ao contrário, a avaliar pelas estapafúrdias equipas que escala para pôr a jogar, ou até pelo único jogador por si escolhido — o turco Sonkaya, que conseguiu a proeza de fazer as bancadas do Dragão destilar saudades do Secretário. Adriaanse tem e teve tudo para conseguir estar hoje numa posição intocável perante os adeptos, a começar por um fulgurante início de época, unanimemente elogiado por todos. E tudo a sua teimosia e a sua soberba levou...
Em cinco jogos da Liga dos Campeões, Adriaanse perdeu três, empatou um, equivalente a derrota, e só ganhou um, graças a dois ressaltos felizes. E, revendo o filme de cada um dos seus quatro desaires, é justo reconhecer que todos eles foram perdidos por influência directa do treinador—tal como sucedeu contra o Benfica.
Em todos eles tornou-se gritantemente evidente que Adriaanse não estudara os adversários, não tinha nenhuma estratégia para os jogos, escalou equipas sem lógica visível, fez substituições sem nexo, e não conseguiu segurar nenhuma das situações de vantagem de que dispôs em todos eles. Tranquilamente, podia ter agora 11 pontos e o primeiro lugar garantido: tem quatro e fortes hipóteses de terminar o grupoemúltimo lugar. É certo que ainda pode conseguir o milagre, mas, não só não o merece, como nada poderá já apagar a imagem repetida dos sucessivos erros de pura incompetência acumulados. Pinto da Costa bem pode — num acto que no passado deu frutos mas que agora surge como uma deslocada provocação aos adeptos prolongar-lhe o contrato de dois para três anos, sem que os resultados ou o mérito o justifiquem.
Mas, a continuar assim, o problema do presidente do FC Porto, para a próxima época e a seguinte, vai ser o de convencer os sócios de lugar cativo a renovarem os seus lugares. E, sem eles, não há público no Dragão nem dinheiro para o festival de compras do Verão.
Se ficasse aqui a enumerar todas as situações gritantes, evidentes, em que o treinador do FC Porto foi a única pessoa no estádio a não perceber o que se estava a passar no jogo, nunca mais acabaria. Eu olho para ele e vejo-o sempre sem expressão, sem reacção, incapaz de comunicar com os jogadores, de transmitir ordens para dentro, de ver o jogo decorrer conforme uma estratégia planeada (como fazia Mourinho), ou, ao menos, de corrigir as coisas no decorrer do jogo (como fazia António Oliveira). Vejo-o sim dar asas aos jogadores e depois liquidá- los sem explicação; promover a indiscutíveis jogadores que nada provam e subitamente desprezar outros que toda a gente percebe que são mais-valias, como já sucedeu com Quaresma e agora sucede com McCarthy.
Tudo sem nexo, sem critério, sem correspondência com o que se vê durante os jogos. Tudo aparentes caprichos de um vaidoso que não tem currículo para o ser. Adriaanse deveria ter aprendido a lição de Mourinho: não é vaidoso quem quer, mas quem pode.
Ambos estão à beira de ser implacavelmente afastados da Liga dos Campeões e em risco até de o serem também da Taça UEFA, desperdiçando a sorte que os colocou em dois grupos classificativos perfeitamente acessíveis, e depois de públicas e reiteradas demonstrações de medo, falta de ambição, de estratégia e de clarividência. E se, internamente, o Benfica caminha vários passos atrás do FC Porto (8 pontos), num impensável 6.º lugar, também é verdade que já venceu no Porto, onde Koeman deu uma lição de estratégia a Adriaanse
Olhando para este primeiro terço de campeonato e para o que treinadores portugueses têm feito à frente de equipas como Nacional, Sp.Braga e Vitória de Setúbal, só podemos concluir que se Koeman e Adriaanse fossem portugueses já estariam despedidos.
Bem vistas as coisas, Koeman tem mais desculpa do que Adriaanse. O Benfica dispõe de pouco mais de metade do orçamento do FC Porto, tem tido menos apoio do público no seu estádio e tem, sobretudo, pior equipa e pior banco. Independentemente dos erros cometidos, Koeman tem ao seu dispor o que tem e o que tem é manifestamente pouco para as ambições alimentadas pelos seus dirigentes. Não é por acaso que estes já puseram em marcha a campanha de sensibilização dos árbitros e da Comissão de Arbitragem, aliás fundada em pretensas razões de queixa ridículas: quando não se tem cão, caça-se com gato.
Já no FC Porto, as coisas são radicalmente diferentes. O que não tem faltado ali são milhões ao desbarato para comprar jogadores em série—doze a quinze emcada ano que passa — e pagar salários de luxo ao primeiro que aparece ao virar da esquina.Ese Adriaanse pode dizer que a equipa não é dele, mas do presidente (o que é verdade), também é duvidoso que fosse melhor ao contrário, a avaliar pelas estapafúrdias equipas que escala para pôr a jogar, ou até pelo único jogador por si escolhido — o turco Sonkaya, que conseguiu a proeza de fazer as bancadas do Dragão destilar saudades do Secretário. Adriaanse tem e teve tudo para conseguir estar hoje numa posição intocável perante os adeptos, a começar por um fulgurante início de época, unanimemente elogiado por todos. E tudo a sua teimosia e a sua soberba levou...
Em cinco jogos da Liga dos Campeões, Adriaanse perdeu três, empatou um, equivalente a derrota, e só ganhou um, graças a dois ressaltos felizes. E, revendo o filme de cada um dos seus quatro desaires, é justo reconhecer que todos eles foram perdidos por influência directa do treinador—tal como sucedeu contra o Benfica.
Em todos eles tornou-se gritantemente evidente que Adriaanse não estudara os adversários, não tinha nenhuma estratégia para os jogos, escalou equipas sem lógica visível, fez substituições sem nexo, e não conseguiu segurar nenhuma das situações de vantagem de que dispôs em todos eles. Tranquilamente, podia ter agora 11 pontos e o primeiro lugar garantido: tem quatro e fortes hipóteses de terminar o grupoemúltimo lugar. É certo que ainda pode conseguir o milagre, mas, não só não o merece, como nada poderá já apagar a imagem repetida dos sucessivos erros de pura incompetência acumulados. Pinto da Costa bem pode — num acto que no passado deu frutos mas que agora surge como uma deslocada provocação aos adeptos prolongar-lhe o contrato de dois para três anos, sem que os resultados ou o mérito o justifiquem.
Mas, a continuar assim, o problema do presidente do FC Porto, para a próxima época e a seguinte, vai ser o de convencer os sócios de lugar cativo a renovarem os seus lugares. E, sem eles, não há público no Dragão nem dinheiro para o festival de compras do Verão.
Se ficasse aqui a enumerar todas as situações gritantes, evidentes, em que o treinador do FC Porto foi a única pessoa no estádio a não perceber o que se estava a passar no jogo, nunca mais acabaria. Eu olho para ele e vejo-o sempre sem expressão, sem reacção, incapaz de comunicar com os jogadores, de transmitir ordens para dentro, de ver o jogo decorrer conforme uma estratégia planeada (como fazia Mourinho), ou, ao menos, de corrigir as coisas no decorrer do jogo (como fazia António Oliveira). Vejo-o sim dar asas aos jogadores e depois liquidá- los sem explicação; promover a indiscutíveis jogadores que nada provam e subitamente desprezar outros que toda a gente percebe que são mais-valias, como já sucedeu com Quaresma e agora sucede com McCarthy.
Tudo sem nexo, sem critério, sem correspondência com o que se vê durante os jogos. Tudo aparentes caprichos de um vaidoso que não tem currículo para o ser. Adriaanse deveria ter aprendido a lição de Mourinho: não é vaidoso quem quer, mas quem pode.
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