Uma região com um território despovoado e envelhecido. E marcado por fortes assimetrias entre o litoral e o interior. Foi este o diagnóstico traçado, ontem, pela professora Teresa Sá Marques, na síntese final do debate promovido pelo Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e subordinada ao tema "A Região Norte de Portugal: dinâmicas de mudança social e recentes processos de desenvolvimento".
Escutaram-se notas de pessimismo sobre a região "Somos das regiões com piores indicadores ao nível europeu", disse a investigadora do departamento de Geografia da FLUP que, socorrendo-se do estudo realizado, fez um paralelismo entre a década de 80 e os tempos actuais: "Vive-se melhor do que há 20 anos, mas as dinâmicas não foram suficientes. Numa sociedade marcada pela globalização, quem ficar para trás fica ainda mais atrasado", concluiu.
Em sua opinião, a região Norte continua caracterizada pelo envelhecimento e aumento do número de idosos e, como tal, a exigir uma resposta concertada no âmbito social. Na sinopse final deste estudo, a oradora falou do Vale do Tâmega e implicitamente criticou as políticas dos últimos anos. "Andamos a falar do vale do Tâmega há mais de 20 anos. É o maior problema ao nível nacional. É uma das sub-regiões com maior densidade demográfica, mas onde são registados os piores indicadores. Estamos a comprometer o futuro", avisou Teresa Sá Marques. Sem adiantar receitas para mudar este estado de coisas, a investigadora alertou "Tem de existir uma nova ambição para aquele território", concluiu.
Sem dinâmica cultural
O sociólogo João Teixeira Lopes, da FLUP, abordou a dicotomia entre políticas e práticas culturais no Norte do país e, ao JN, fez uma retrato negativo.
Em sua opinião, a região Norte tem equipamentos culturais sub-aproveitados e, na maioria dos casos, sem um projecto cultural consentâneo com as realidades. A política de apoios das autarquias também mereceu reparos"As despesas municipais são marcadas por uma concepção tradicionalista, isto é, muitas câmaras limitam-se a apoiar os jogos e associações desportivas, mas sem um projecto. Em muitos casos, os pavilhões estão vazios", lamentou.
Já o investigador Carlos Manuel Gonçalves, coordenador do projecto e igualmente professor da FLUP, abordou as "dinâmicas do mercado de trabalho" e, em declarações ao JN, mostrou-se igualmente céptico quanto ao desenvolvimento desejado para a região "Nos últimos 20 anos, a mulher entrou mais facilmente no mercado de trabalho, mas registou-se um decréscimo no sector agrícola e terciário. O desemprego continua a atingir mais os jovens e as pessoas com idades superiores a 45 anos", concluiu o investigador da FLUP.
(*) Manuel Vitorino, in JN
Escutaram-se notas de pessimismo sobre a região "Somos das regiões com piores indicadores ao nível europeu", disse a investigadora do departamento de Geografia da FLUP que, socorrendo-se do estudo realizado, fez um paralelismo entre a década de 80 e os tempos actuais: "Vive-se melhor do que há 20 anos, mas as dinâmicas não foram suficientes. Numa sociedade marcada pela globalização, quem ficar para trás fica ainda mais atrasado", concluiu.
Em sua opinião, a região Norte continua caracterizada pelo envelhecimento e aumento do número de idosos e, como tal, a exigir uma resposta concertada no âmbito social. Na sinopse final deste estudo, a oradora falou do Vale do Tâmega e implicitamente criticou as políticas dos últimos anos. "Andamos a falar do vale do Tâmega há mais de 20 anos. É o maior problema ao nível nacional. É uma das sub-regiões com maior densidade demográfica, mas onde são registados os piores indicadores. Estamos a comprometer o futuro", avisou Teresa Sá Marques. Sem adiantar receitas para mudar este estado de coisas, a investigadora alertou "Tem de existir uma nova ambição para aquele território", concluiu.
Sem dinâmica cultural
O sociólogo João Teixeira Lopes, da FLUP, abordou a dicotomia entre políticas e práticas culturais no Norte do país e, ao JN, fez uma retrato negativo.
Em sua opinião, a região Norte tem equipamentos culturais sub-aproveitados e, na maioria dos casos, sem um projecto cultural consentâneo com as realidades. A política de apoios das autarquias também mereceu reparos"As despesas municipais são marcadas por uma concepção tradicionalista, isto é, muitas câmaras limitam-se a apoiar os jogos e associações desportivas, mas sem um projecto. Em muitos casos, os pavilhões estão vazios", lamentou.
Já o investigador Carlos Manuel Gonçalves, coordenador do projecto e igualmente professor da FLUP, abordou as "dinâmicas do mercado de trabalho" e, em declarações ao JN, mostrou-se igualmente céptico quanto ao desenvolvimento desejado para a região "Nos últimos 20 anos, a mulher entrou mais facilmente no mercado de trabalho, mas registou-se um decréscimo no sector agrícola e terciário. O desemprego continua a atingir mais os jovens e as pessoas com idades superiores a 45 anos", concluiu o investigador da FLUP.
(*) Manuel Vitorino, in JN