«Dia D» Invasão da Normadia
II Guerra Mundial / Frente Ocidental
06-06-1944
A invasão das praias francesas da Normandia, foi um dos mais decisivos momentos da II Guerra Mundial.
Colocar o «pé» em França era absolutamente necessário se os aliados ocidentais queriam derrotar definitivamente o III Reich. Para o efeito foi preparado um complexo desembarque anfíbio, combinado com largada de tropas paraquedistas.
O primeiro plano de invasão, começou a ser desenhado logo em 1941, ainda a Alemanha não tinha atacado a Rússia. O principal obstáculo era o formidável conjunto de construções defensivas alemãs, conhecidas como «Muralha do Atlântico».
A baía do rio Sena, foi escolhida em Junho de 1943 para alvo do ataque e posteriormente decidiu-se alterar o objectivo mais para ocidente, para as praias da Normandia. Até Junho de 1944 esse seria um dos maiores segredos militares dos aliados.
A opção na Normandia, foi também condicionada pelo facto de os alemães terem construído as suas mais fortes fortalezas defensivas na região de Calais e de Le Havre, que estavam mais próximas da costa britânica e onde os alemães sempre pensaram que se daria o ataque à Europa.
O plano inicial previa que o ataque fosse efectuado com um total de 3 divisões, mas estudos posteriores efectuados sob o comando de Eisenhower, levaram a que se alterassem os números, aumentando os efectivos a empenhar para cinco divisões de infantaria e três divisões aerotransportadas.
Este aumento do numero de forças de invasão, levou a que fosse necessário subtrair lanchas de desembarque que estavam destinadas à operação de invasão do sul de França.
O atraso no fornecimento dos barcos para desembarque, levou a que a operação fosse marcada para Junho de 1944.
Outra das preocupações dos aliados, foi a criação de uma gigantesca operação de diversão, para levar os alemães a acreditar que o principal ataque dos aliados seria realizado contra a zona de Pas-de-Calais onde a costa britânica era visível a olho nú.
Para o efeito, os aliados efectuaram pesados bombardeamentos sobre o Pás-de-Calais e aumentaram o numero de comunicações rádio naquela região do lado britânico. Foram produzidos milhares de tanques de lona e materiais falsos, para que pudessem ser fotografados pelos alemães que assim chegaram à conclusão de que o ataque de facto ocorreria naquela região.
Desconfiança alemã
Do lado alemão, também não havia consenso. Enquanto parte dos generais achave que se deveriam deslocar as unidades alemãs para próximo da costa, outros generais, como Guderian queriam que as unidades blindadas estivessem vários quilómetros na retaguarda, para poderem acorrer ao lugar do ataque, independentemente do lugar onde este ocorresse.
Hitler aceitou que várias unidades alemãs fossem colocadas longe da costa por causa disto, mas deu ordens para que essas unidades só fossem movidas com seu consentimento. Só Hitler poderia determinar para onde se deveriam dirigir as unidades, principalmente as poderosas divisões Panzer, algumas delas equipadas com os novos modelos «Panther» e Tiger-B.
O plano americano
A primeira das operações é a de transporte e desembarque que está sob o comando do almirante Ramsey. Ele comandará e coordenará a operação da maior frota da História, movimentando no dia «D» navios britânicos, norte-americanos, franceses, polacos, noruegueses, gregos e holandeses. No total a frota era constituída por:
6 Couraçados
23 cruzadores
104 contratorpedeiros
152 fragatas e corvetas
97 draga-minas
5000 barcos e navios diversos.
Todo este aparato permitiria desembarcar nas primeiras três marés (um dia e meio) um total de 150.000 homens e 20.000 veículos.
Os homens e o material, estavam prontos e a bordo dos navios a 3 de Junho, e a operação deveria ocorrer na madrugada de 5 de Junho, no entanto o mau tempo levou a que o desembarque fosse adiado por um dia, e com 150.000 homens a bordo dos navios, a operação tinha que se fazer, ou então teria que ser adiada.
É então decidido avançar
A 4 de Junho, as primeiras unidades navais saem dos portos britânicos. Dirigem-se para a área «Z» que ficou conhecida como «Picadilly Circus», mas só na madrugada de Segunda-feira dia 5 de Junho é que, após receber os relatórios da previsão meteorológica Eisenhower decide marcar o desembarque para a madrugada de 6 de Junho.
O desembarque desenrolou-se sobre cinco praias da Normadia. Às primeiras horas, são realizadas operações de lançamento de paraquedistas que têm como objectivo atacar a retaguarda das forças alemãs que vão ser atacadas por mar na área do desembarque.
Os objectivos conhecidos como GOLD JUNO e SWORD estavam a cargo dos britânicos e a operação decorreu de forma normal. Os britânicos souberam fazer uso adequado dos blindados durante as operações de desembarque e não tiveram problemas até que as principais unidades alemãs na região as atacaram, impossibilitando o seu avanço.
Ao contrário, as forças americanas nas praias de UTAH e especialmente OMAHA, depararam-se com grande e feroz resistência alemã, ao ponto de a operação de desembarque em OMAHA quase ter sido cancelada.
O dispositivo alemão e os erros de Hitler
Em 6 de Junho, o XV alemão responsável pela defesa costeira estava em alerta, mas o VII exército, a grande força móvel de retaguarda, não recebeu qualquer ordem para se preparar.
É aliás sobre o VII exército alemão, (especialmente sobre as divisões do 84º corpo de exército) que se vão lançar a esmagadora maioria das forças aliadas. No sector direito, o comandante do VII exército sabe que conta com unidades de segunda linha, muitas delas estáticas, mas que conta também com algumas unidades operacionais. No flanco direito conta com a sua única divisão blindada, a 21ª divisão Panzer, embora esta esteja equipada com uma maioria de carros de combate franceses adaptados para utilização pelos alemães. A alguns quilómetros da 21ª Panzer está a 12ª Panzer SS, e a sul desta a divisão Panzer-Lehr. Mas esta unidade, como outras unidades blindadas, depende de ordens directas de Hitler. É na rápida movimentação das poucas divisões blindadas alemãs, que se baseia a única possibilidade alemã de responder à invasão aliada.
Romel sabia disto, mas Romel, tinha recebido licença para se ausentar e visitar a família e encontrava-se na Alemanha nesse dia..
Apelos desesperados
Os generais alemães, telefonam para Berlim a pedir reforços para a Normandia, e autorização para mover as divisões blindadas, mas durante toda a manhã Hitler está a dormir e ninguém se atreve a acorda-lo.
Quando Hitler acorda, não acredita que se esteja perante a principal invasão aliada. Só cede perante a insistência, mas só ao inicio da tarde de 6 de Junho é que autoriza que as duas mais poderosas divisões blindadas alemãs no ocidente da Europa – A 12ª Div. Blindada SS e a Div. Blindada Panzer-Lehr – se movimentem, e então é já demasiado tarde.
Embora de forma titubeante o desembarque prossegue. As forças americanas enfrentam forte oposição por parte dos alemães, pois a praia de Omaha, está na área defendida pela 91ª e pela 352ª divisões alemãs, que são unidades com melhor equipamento.
Mas em plena luz do dia, as forças aéreas aliadas estabeleceram desde o primeiro minuto uma absoluta superioridade aérea. Os caças aliados varrem do céu a quase inexistente oposição da Luftwaffe. Quando a meio da tarde os tanques alemães se começam a movimentar na direcção dos locais de desembarque, essa superioridade aérea começa a fazer-se sentir.
Nessa altura, a força dos carros blindados alemães, sobre testas de ponte que mal se aguentavam nas praias, poderiam ter tido sucesso, mas para isso elas precisavam ter saído das suas áreas de concentração pelo menos oito horas antes.
Atrasados pelas ordens de Hitler, os tanques têm que se movimentar sem ter qualquer cobertura aérea. As unidades alemãs são incessantemente atacadas pelos aviões aliados e o seu avanço embora não seja parado, é atrasado.
Os britânicos conseguiram efectuar desembarques de forma mais organizada que os americanos e as unidades de segunda linha que encontraram. Foram facilmente derrotadas, mas em contrapartida, vão ser eles os primeiros a sofrer os ataques das forças pesadas alemãs.
Em favor dos britânicos, jogou o facto de logo a partir do primeiro dia, terem começado a desembarcar a 7ª divisão blindada, a sua mais poderosa unidade de tanques.
Nos cinco dias seguintes, as forças aliadas continuam a aumentar em numero, e embora várias unidades alemãs, especialmente as unidades colocadas no sector esquerdo acorram à Normandia, já não foi possível empurrar os britânicos e os americanos para o mar.
A única coisa possível foi resistir e atrasar o avanço aliado.
Hoje sabe-se que, embora o rápido aumento de efectivos aliados tornasse muito difícil a resistência alemã, até pelo menos ao Outono de 1944, muitos dirigentes alemães ainda mantinham tropas operacionais na região de Pas de Calais, aguardando o que esperavam ser o verdadeiro ataque aliado.
Esse ataque nunca ocorrerá.
Como as unidades mais poderosas foram colocadas no sector direito, enfrentando assim as forças da Grã Bretanha e do Canadá, os americanos tiveram a vida relativamente facilitada, pois depois do desmbarque puderam avançar para sul com mais facilidade, criando para os alemães o problema que constituiu a chamada bolsa de Falaise, onde os alemães tiveram que recuar apressadamente para evitar ficarem cercados.
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