Açores
Mulher morre carbonizada com duas filhas após tentar atirar-se de ravina
Tragédia nos Açores vitimou um bebé de um mês e uma menina de quatro anos. Mãe já se tinha tentado suicidar duas vezes.
Uma mulher de 34 anos ter-se-á tentado atirar de carro por uma ravina com as duas filhas, acabando as três por morrer carbonizadas após a viatura se ter incendiado. A tragédia, que vitimou um bebé de um mês e uma menina de quatro anos, ocorreu anteontem na ilha de Santa Maria, nos Açores. Segundo a PSP, a mulher já se tinha tentado suicidar duas vezes, a primeira das quais em 2004.
O alerta foi dado anteontem, por volta das 11h, quando um pastor que se encontrava próximo do local avistou uma coluna de fumo e se dirigiu à casa mais próxima para falar à polícia. Quando a PSP e os Bombeiros Voluntários de Vila do Porto chegaram ao local, na freguesia da Almagreira, pouco havia a fazer.
"A viatura ligeira estava completamente em chamas, tomada pelo fogo", descreveu ao PÚBLICO o segundo-comandante dos bombeiros locais, José Henrique Moreira. O combate durou apenas uns minutos e quando as chamas se apagaram tornaram-se visíveis os corpos carbonizados.
A remoção dos cadáveres só foi feita ao início da noite, depois de dois inspectores da Polícia Judiciária (PJ) se terem deslocado de São Miguel até à ilha mais oriental do arquipélago - onde habitam, segundo os últimos Censos, 5552 pessoas. Ontem à tarde, a PJ esteve a interrogar o marido da vítima, engenheiro da EDA, a empresa de electricidade dos Açores.
O subcomissário Tiago Caldeira, da PSP de Vila do Porto, explica que a relação do casal era complicada e que já tinham estado separados. Pouco tempo antes da filha mais nova ter nascido, ter-se-ão reconciliado, mas a relação continuava instável. "O marido contou-nos que nessa noite a mulher dormiu sozinha e lhe ligou, às quatro da manhã, a dizer que não aguentava mais e que há três dias que não conseguia dormir", relata o polícia.
Na ilha eram conhecidas as tendências depressivas da mulher, funcionária administrativa da empresa de tráfego aéreo NAV, que estava a ter acompanhamento psiquiátrico em São Miguel. "Conseguimos confirmar duas tentativas de suicídio, uma em 2004, com a ingestão de lixívia, e outra, penso que em 2008, com a toma de antidepressivos", relata Tiago Caldeira.
Ainda não é certo o que incendiou o carro, mas há algumas hipóteses em análise. "A senhora tentou deitar-se abaixo de uma ravina, mas a parte de baixo do carro ficou presa numa pedra", adianta o subcomissário. E acrescenta: "Isso deve ter danificado o depósito do combustível e ou uma faísca ou o calor do tubo de escape terão originado a combustão".
Para Rui Abrunhosa, psicólogo forense e professor na Universidade do Minho, esta mãe pensou que ao levar as filhas consigo as pouparia a mais sofrimento. "São pessoas que estão com o pensamento muito desorganizado e que vêem este desfecho como o melhor para todos", explica. O investigador salienta que esta mulher reunia vários factores de risco, já que tinha um historial de depressão que se terá agravado, possivelmente, devido a uma depressão pós-parto. "Por isso, devia ter sido especialmente acompanhada", lamenta, insistindo que é preciso estar muito vigilante nestes casos.
Episódios como este não são inéditos. Em Dezembro do ano passado, uma professora de 34 anos atirou-se de um viaduto da A24, em Vila Pouca de Aguiar, com um bebé de 20 meses ao colo, que conseguiu sobreviver à queda de mais de 40 metros. Em Outubro de 2009, uma outra mulher atirou-se ao rio Douro com um filho de seis anos.
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