Com cerca de 30 metros de altura e mais de 200 anos, a Ginkgo que mora no Parque das Virtudes é a maior do país e é considerada a árvore “rainha” do espaço verde da baixa do Porto.
Quem entra no portão de acesso ao parque municipal, na Rua de Azevedo de Albuquerque, ou mesmo quem espreita o espaço verde a partir do Passeio das Virtudes, vê um exemplar monumental que brilha pelo seu porte.
A magnífica Ginkgo fêmea está classificada desde 2005 como árvore de interesse público. Por si só, “é uma espécie muito interessante”, porque o seu género é considerado “um fóssil vivo” e “foi uma das primeiras espécies a resistir à bomba de Hiroxima [1945], além de ser usada para fins medicinais”, enaltece Isabel Lufinha, do departamento do Ambiente da Câmara do Porto.
“Esta árvore é a rainha, é uma senhora”, classifica a técnica, que destaca o amarelo dourado que a sua folha em forma de leque assume no Outono, referindo que a Ginkgo ‘gigante’ será tema de conversa no dia 26, no âmbito da iniciativa “Um objecto e seus discursos”, na qual vão participar o escritor Mário Cláudio e a antiga directora do jardim Botânico Teresa Andresen.
Entre as árvores classificadas existentes na cidade do Porto, destaca-se também a araucária do Jardim da Cordoaria, que, com mais de 40 metros, é porventura das mais altas do país. A sua copa é visível ao nível da Torre dos Clérigos para quem estiver no topo da Rua 31 de Janeiro.
No Jardim da Cordoaria está ainda classificado o conjunto de plátanos que formam uma alameda. Neste caso, foi “a sua forma muito peculiar” da base dos troncos, que “é perfeitamente anormal nas árvores e não é um fenómeno conhecido”, que deu origem à sua classificação, em 2005, explica Isabel Lufinha.
“Não conseguimos dizer ainda cientificamente o que é que aconteceu. Há quem diga que foi uma doença, há quem diga que foi uma espécie especial e há quem diga que isto resultou de métodos de condução das árvores em si. Nós reconhecemos alguns argumentos mais ou menos válidos em cada uma destas teorias, a verdade é que estão aqui [63 exemplares], estão assim e estão bem de saúde”, diz a responsável.
Classificado desde 1951 está o tulipeiro da Casa Tait, que ultrapassa os 250 anos, apresenta uma folha em forma de cabeça de gato, tem mais de 32 metros de altura e mais de 9 de perímetro. Há uns anos, esta árvore representativa na cidade juntou 13 pessoas de mãos dadas para a medir.
Os 33 metrosíderos que existem na Avenida Montevideu, perto do Castelo do Queijo, 2 camélias com mais de 200 anos no largo da Igreja de Paranhos, bem como 63 palmeiras-das-canárias plantadas há mais de um século no Passeio Alegre, integram ainda a lista de 237 monumentos vivos actualmente existentes em espaços públicos da cidade.
A cada um destes exemplares pode ser atribuído um valor monetário, através de um método que tem em conta factores como valores paisagísticos, ambientais, sociais e culturais, e uma das palmeiras do Passeio Alegre ultrapassa actualmente os 40 mil euros.
Humberto Ferreira, jardineiro da Câmara do Porto, crê que a maioria da população não tem consciência da existência deste património.
“Falta sensibilizar as pessoas para esta questão. Se tentarmos explicar que existem árvores que têm sido muito cuidadas e que são árvores para [resistirem] muitos mais anos, se calhar as pessoas olhariam para as mais novas de forma impar e tentariam não as ferir”, frisa.
Humberto lamenta que “por vandalismo, falta de cuidado ou até falta de conhecimentos, se estraguem árvores”, alertando que um ‘Post-it” colocado no tronco com pregos, enrolar fios eléctricos a troncos são alguns actos que provocam “danos que por vezes são irreparáveis”. [DAQUI]
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