Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

As contas do futebol

boifica tem a segunda maior dívida da Europa, segundo a UEFA, e o FC Porto o terceiro com mais receitas


Anexa-se Quadro-Resumo comparativo das contas consolidadas das três principais Sociedades Anónimas Desportivas (SAD) em Portugal, respeitantes às épocas 2015/2016 e 2014/2015 (em milhares de euros), juntamente com algumas observações pertinentes. 

(vide ficheiro PDF em partilha) LEITURA OBRIGATÓRIA

Os sítios das internet da SL Benfica Futebol SAD, Sporting CP Futebol SAD e FC Porto Futebol SAD disponibilizam os seus relatórios e contas (R&C), completos e com as respectivas certificações legais das contas consolidadas. Recomenda-se a sua consulta.



Disclaimer:

Não obstante o esforço pessoal na produção de um trabalho objectivo, cumpre informar que sou adepto sportinguista. Se, porventura, algum leitor considerar que alguma parte da análise está ferida de subjectividade clubística, tem natural direito em pronunciar-se, apesar de considerar, à partida, não haver razão para tal.

Quando aos números em si, DESTACAM-SE cinco situações para mim relevantes:

1. Esta análise abrange as SAD e não os respectivos clubes, accionistas maioritários destas SAD. Considerando a abundância de saldos e operações existentes entre o grupo de cada SAD e as entidades fora desse grupo (incluindo o clube), convinha conhecer as contas consolidadas dos clubes, mas infelizmente estas não são publicitadas. Conforme já referido noutro artigo deste blog [link], os clubes são entidades colectivas de utilidade pública (?), logo não são obrigadas a prestar contas publicamente, nem a disponibilizá-las nos seus sites institucionais. E não são os únicos no “mundo do futebol” a (não) fazê-lo, conforme refiro no mencionado artigo. Sem essa informação publicamente disponível e no formato apresentado pelos seus autores (os clubes), vergamos a nossa percepção da coisa à informação veiculada pelos jornais desportivos e comentadores da bola, que são tudo… menos isentos. Mas, pensando bem, é mesmo essa a intenção, ou não?  
2. O facto mais evidente, em termos económicos, é talvez o mais publicitado e provavelmente do conhecimento geral. Todas as SAD possuem uma situação patrimonial líquida débil e enquadrada no art.º 35.º do Código das Sociedades Comerciais (em que mais de metade do capital social está perdido), sem que os respectivos R&C evidenciem medidas objectivas e concretas quanto à resolução da situação. Ressalve-se que a gravidade da situação varia de SAD para SAD. Tal constatação e a ligeireza com que se aborda o tema no espaço mediático relega-nos para a infeliz constatação de que estas entidades do futebol pertencem a uma categoria semelhante aos bancos, ainda que por motivos diferentes (de vertente mais psicológica que económica), sendo consideradas pelo público em geral como “demasiado importantes para cair”, até ao dia… em que cair a primeira.
3. Outro facto evidente, mas cujo grau pode ser encarado de várias perspectivas diferentes e estar sujeito às tais parcialidades clubísticas na sua análise, prende-se com a situação financeira. Salvo melhor opinião, a Sporting CP Futebol SAD apresenta a situação mais aliviada no curto prazo, fruto da recente renegociação efectuada com os bancos (por todo o Grupo Sporting), apesar de se tratar de uma estabilidade a prazo determinado (10 anos). Neste aspecto, a SL Benfica Futebol SAD e a FC Porto Futebol SAD carecem de idêntica reestruturação da dívida… se se quiserem aguentar nas próximas épocas. Esta última SAD terá talvez a maior dificuldade em concretizar esse passo, atendendo à respectiva situação económica e ao enorme défice operacional que perspectiva (novamente) para a época em curso e, eventualmente, para as subsequentes. Trata-se de uma questão de fôlego financeiro, para colocar a casa em ordem e (sugiro eu) adaptá-la à dimensão do futebol nacional, sem negligenciar a participação nas competições europeias.
4. As pesadas estruturas de gastos das SAD, grosso modo, fazem com que o sinal positivo ou negativo do resultado de cada exercício dependa, principalmente, das mais valias das vendas de direitos desportivos de atletas (ativos intangíveis) e da participação na Liga dos Campeões (pelas receitas diretas e indiretas que gera). A principal componente dos encargos de cada SAD respeita aos gastos com o pessoal (diretos e indiretos, designadamente as amortizações dos direitos desportivos dos atletas), sendo que neste aspeto a FC Porto Futebol SAD surge em primeiro lugar com 107,3 M€ de gastos, a SL Benfica Futebol SAD surge em segundo lugar com 98,2 M€ de gastos e, finalmente, a Sporting CP Futebol SAD com 58,2 M€ de gastos. Poderá colocar-se em causa a razoabilidade dos maiores valores, dentro do contexto do futebol português (ou não)?

5. Não querendo explorar muitos dos aspectos concretos focados nos comentários ao quadro comparativo partilhado no ficheiro acima, finalizo este resumo com um destaque àquele que considero ser, porventura, o dado mais curioso da análise, atendendo à grande incerteza no futuro desportivo (e consequentemente económico-financeiro) destas SAD – o plantel de atletas profissionais. No final da época de 2015/2016, a SL Benfica Futebol SAD possuía um plantel profissional com 80 jogadores valorizados, no valor líquido de 115,2 M€, e 33 jogadores não valorizados (oriundos da formação, provavelmente). A FC Porto Futebol SAD possuía um plantel profissional com 69 jogadores valorizados, no valor líquido de 90,6 M€, e 16 jogadores não valorizados (oriundos da formação, provavelmente). Na mesma data, a Sporting CP Futebol SAD possuía um plantel profissional com 40 jogadores valorizados, no valor líquido de 32 M€, e 58 jogadores não valorizados (oriundos da formação, provavelmente). Isto sim pode dar origem a interpretações pessoais, logo não dou a minha, não obstante considerar que está aqui um indicador relevante acerca das perspetivas futuras de cada SAD. Porque esta é a "mina" de cada SAD.

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