Atingimos o último patamar de funcionamento da Geringonça: habituamo-nos à sua existência.
Pouco importa o que diz Costa, o que diz Catarina Martins e, muito menos, o que diz Jerónimo de Sousa. Vieira da Silva abre a boca e só se ouvem murmúrios indecifráveis; o Centeno, sempre que aparece, lembra um anúncio do IEFP à contratação de indivíduos com síndroma de Coffin-Lowry; o resto do governo ninguém sabe quem é, daí que ninguém saiba exactamente o que fazem ou dizem.
Défice de 2,3%? Pode ser. TSU a subsidiar emprego? Pode ser. Reportagens da visita do estronço à família indiana? Pode ser. A culpa é da oposição? Pode ser. É do Salazar? Pode ser. É do heteropatriarcado, do heteropatronato, da heteropornografia? Pode ser. A culpa é das gorduras saturadas, do tabaco, das centrais nucleares espanholas, da Volkswagen e da menopausa socrática? Pode ser. É necessária heterolimpeza de jornais de vozes incómodas? Pode ser. Não queremos saber. Estamos habituados, é isto, é o que há.
Estou com Francisco Assis: é preciso eleições antecipadas. Pouco importa que sejam para reforçar Costa como inevitável Querido Líder: quando batermos na parede não podem existir desculpas, as velhas desculpas que culpam o Cavaco, o Trump (que nem sequer tomou posse), a oposição ou um barbudo de Bragança que se recusa a casar com uma cabra para co-adoptar um africano transportado para a Europa por ONG que – por mero acaso – ia de passagem no local onde a sua embarcação “naufragou”. Se é para bater a 200 km/h com Costa ao volante, é preciso sacar o mais rapidamente possível os moscardos do Bloco e do PCP do compartimento. Para a frente é que é o caminho.
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