8 de Maio de 1988. Em Macedo de Cavaleiros, joga-se uma partida decisiva para definir quem subia à Primeira Liga. A equipa da casa recebe o FC Famalicão, que disputa a promoção com o Fafe. Ao intervalo, os adeptos locais invadem o campo, o jogo termina, o Famalicão ganha 0-3 na secretaria e sobe de divisão.
O escândalo rebenta pouco tempo depois: a invasão de campo tinha sido encenada, na sequência de um suborno ao presidente do Macedo de Cavaleiros, que o próprio viria a confirmar. Consequência: acusados de corrupção, Famalicão e Macedo de Cavaleiros são despromovidos à III Divisão.
E agora podem perguntar: o que é que essa história tem a ver com esta página? Muito simples. O director desportivo do Famalicão, um dos rostos desta despromoção administrativa causada por actos de corrupção, era Carlos Janela, o "autor" das cartilhas do Benfica.
Uma das linhas de força dos discursos dos comentadores da turma de Carnide, com origem nas cartilhas que agora tão bem conhecemos, é a exaltação de uma pureza imaculada que envolve o Benfica e os seus dirigentes – pureza ética pessoal, nos negócios, no respeito pela verdade desportiva, etc. em oposição à suposta promiscuidade moral dos adversários. Já todos sabíamos que essa imagem angelical do vencedor da Liga Salazar não tinha qualquer correspondência com a realidade dos factos. Agora ficamos a saber que o ghost-writer do Al Carnidão, quando escreve sobre corrupção e recomenda a colagem de outros clubes a esses atos condenáveis, sabe muito bem daquilo que está a falar.
Não sabia desta triste história em que o Carlos Janela, independente, e cartilheiro estaria eventualmente metido nesse crime de corrupção onde desempenhava as funções de director desportivo.
Este indivíduo tem andado por tudo que é sítio e, pelos vistos, sempre metido em negócios pouco claros como é o caso dessa cartilha que faz semanalmente, segundo veio a público. É preciso ter lata e não ter pinga de vergonha.
O que mais me admira é como um clube da grandeza do clube do regime, não tem na sua estrutura ninguém capaz de fazer uma cartilha em condições, para que os cartilheiros não tivessem que dizer tantas asneiras e tantas mentiras nas televisões. Não nos podemos esquecer que alguns desses cartilheiros ou cartilhados são professores universitários de trazer por casa, juristas avençados e até há um que, pasme-se, já foi ministro deste país (por engano, mas foi).
Para se sujeitarem a esta vergonha só quem não tem carácter intelectual é que se sujeita a isso, mas é verdade.
O polvo vermelho para ganhar a liga Salazar teve que se agarrar a indivíduos com este nível do Janela e dos outros, que juntamente com os decisores dos órgãos da Federação e dos árbitros lá conseguiram ganhar.
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