O projecto foi apresentado no passado dia 17 no pavilhão devoluto da Rua de Pinto Bessa que irá acolher o projecto e que, após obras de recuperação e adaptação, passará de 800 para 1.250 metros quadrados, albergando a Fonoteca Municipal, quatro estúdios de gravação e outras valências dedicadas a este sector.
A Plataforma Campanhã tem a sua génese na Arda Recording Company, empresa criada a partir dos Estúdios Sá da Bandeira, mas ganha novos contornos quando os seus responsáveis falam do projecto à autarquia. "Veio ao encontro da nossa visão estratégica para esta zona da cidade e para o que andávamos a desenhar desde há um ano, quando a RDP nos entregou a sua coleção de 16 mil discos em vinil", revelou Rui Moreira.
Esse volume veio somar-se aos 18 mil vinis que a Rádio Renascença confiara à autarquia já em 2008 e resulta num "acervo muito importante que não podia ficar fechado", considera o presidente da Câmara, que resolveu integrar a ideia da Fonoteca Municipal na Plataforma Campanhã logo que este projecto lhe foi apresentado.
Como diz Rui Moreira, a Fonoteca inserida na Plataforma vem potenciar as políticas anunciadas para a regeneração da zona de Campanhã e também a expansão da Cultura no Porto. "Mas está a ser concretizada pelos agentes privados", sublinhou, referindo que a poucos metros foi recentemente inaugurado o Espaço Mira e que outros investidores da área audiovisual também já têm os olhos voltados para "a nova vida de Campanhã".
Além disso, o nascimento da Fonoteca Municipal de Vinil vem dar verdadeira utilização do acervo pela cidade. "Os discos já estão catalogados e inventariados pela Biblioteca Municipal Almeida Garrett (BMAG), mas aqui poderão ser estudados e divulgados de diversas formas", avançou o Adjunto do presidente para a Cultura. Guilherme Blanc sublinhou que a Fonoteca é um projecto municipal a desenvolver em rede com a BMAG, mas que ali todo o espólio "poderá ser utilizado gratuitamente por quem se inscrever, tal como na Biblioteca Municipal", ficando acessível a crianças e jovens, investigadores ou qualquer cidadão.
"O Município garante assim os recursos para a instalação e estabilização do acervo e, em conjunto com a Plataforma Campanhã, fará a dinamização do espaço no regime de coprodução", explicou ainda o Adjunto para a Cultura, tendo em conta que "o suporte vinil é cada vez mais relevante". E que, como frisou Rui Moreira, "aqui transforma-se num instrumento mais vivo para a cidade".
A esta nova infraestrutura, que deve estar operacionalizada até final do corrente ano, a Plataforma Campanhã juntará quatro estúdios de gravação, a concluir no primeiro trimestre de 2018 e o maior dos quais terá cerca de 250 metros quadrados.
João Brandão, da Arda Records, referiu também que o complexo vai ter seis salas independentes, incluindo câmara de eco, espaços para realização de voz off, finalizações musicais, restauro de suportes (como fitas magnéticas e outros), além de valências pedagógicas, nos termos de uma parceria a estabelecer com uma escola artística.
O pavilhão terá ainda camarins, quatro salas de produção "onde os músicos podem ter a 'sua casa' com recursos tecnológicos, zona de lazer em open space e para apresentações públicas", adiantou João Brandão, referindo igualmente os escritórios de várias empresas de sectores ligados à música e ao audiovisual que ali irão instalar-se. A produtora Lovers & Lollypops, de Joaquim Durães, e o músico André Tentúgal (We Trust) são algumas das presenças já asseguradas e que foram atraídas pelo projecto e pela sua localização na cidade.
"Bons acessos, transportes públicos e proximidade da Baixa vão fazer desta, em breve, uma zona de referência na cidade", anteviu mesmo João Brandão, indo ao encontro do "alinhamento de propósitos e investimentos na zona, como o Espaço Mira e uma empresa de mobiliário vintage", referidos pelo proprietário do espaço, Rui Canela, outro forte entusiasta da Plataforma Campanhã, que se assume, assim, como um paradigma de colaboração entre a iniciativa privada e o Município. [daqui]
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