Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

A Teoria do Gordo


Há algumas semanas, o Pedro Neto, do blog Encarnados, deu o pontapé de saída para um debate que me interessa sobremaneira. Diz o Pedro que nunca o ódio contra o Benfica foi tão exacerbado, tão intenso. Tenho produzido intensa investigação sobre o tema [falta-me apenas o aval da Fundação para a Ciência e Tecnologia para realizar três dissecações de adeptos do Benfica] e creio que posso dar um contributo sério e racional ao debate. Em reflexão, talvez não seja sério, mas racional será com certeza.

O Pedro argumenta que não há um momento identificável de transição, um evento que, de alguma forma, potenciasse o ódio da turba sobre o Benfica. Eu creio que há. Ele começou em 1908, no minuto exacto da fundação do Benfica!

Brinco, claro. Foram precisos pelo menos cinco minutos para que os pacatos adeptos dos outros clubes dessem conta da gente que aí vinha…

Uma das falácias deste tipo de discussões é o velho silogismo enviesado: 1) o Benfica é muita bom. 2) Ele não gosta do Benfica. 3) Logo, ele tem um recalcamento com o facto de o Benfica ser muita bom. Verdade? MENTIRA. O silogismo exala a bafio e carece de validação.

Em primeiro lugar, os tempos em que o Benfica ganhava canecos já estão definitivamente fechados no mesmo baú em que colocaram o Salazar, a exposição do Mundo Português, os discos de vinil de 75 rotações e as pernas da Dina Aguiar. Já passaram. Salazar está morto, a exposição foi um fracasso, os discos de vinil já só rendem 20 cêntimos na Feira da Ladra e as varizes da Dina Aguiar parecem os afluentes do Tejo.

Quando a poeira dissipa, verifica-se que o FC Porto é o melhor clube português da modernidade, o Sporting tem mais troféus que o SLB na última década, e o Benfica tem apenas para mostrar um campeonato ganho a meias com o Estoril e a APAF. Não é mau, mas o Boavista também tem um nas mesmas circunstâncias.

Segundo ponto da discussão: eu não invejo quase nada no Benfica. Não gosto dos dirigentes do meu clube, mas desconfio que não andariam à pancada no aeroporto por um guarda-redes de terceira categoria [a propósito, o golo de ontem também terá dado vontade de rir ao Koeman?]. Caramba! Se vão andar à bofetada que o façam pelo Deco ou pelo Maniche. Ou, melhor ainda, dispensem a fase da pancadaria e avancem directamente para a etapa da contratação. Parece descabido, mas poderá fazer sentido.

Está implícito na análise do Pedro que os adversários deveriam venerar a tradição do Benfica, prestar-lhe vassalagem. O lamento faz-me lembrar os queixumes do gordo da turma. Por lei, todas as turmas têm um gordo. E, por lei também, o gordo é sempre ostracizado pelos outros. Pior: o gordo nunca percebe por que raio os outros gozam com ele, mas desconfia que não é a figura mais popular do recreio.

A perversão do sistema começa no momento em que os professores sentem que o gordo é maltratado (legitimamente, caramba! Quem nunca bateu no gordo que atire a primeira pedra!) nas curvas da vida e tendem a tratá-lo com carinho adicional, beneficiando-o nas notas porque, coitado!, o gordo sofreu tanto este ano.

O Benfica é assim, Pedro. É o gordo da I Divisão. E isso, parecendo que não, chateia os adeptos dos outros clubes.
Texto de Bulhão Pato no http://maosaoar.blogspot.com/

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