Andam para aí a falar das «mudanças» políticas em Cuba. Penso que ainda ninguém deu por nada. Nem vai dar. Fidel Castro, apesar do dote da gestão do regime que concedeu ao irmão Raul (isto sim, é democracia), continua a desempenhar o mesmo papel de sempre, ainda que debilitado pela doença e pela idade. Nada vai mudar, até ao desaparecimento físico do ditador. Daí para a frente, talvez. Basta saber se os opositores vão conseguir uma resistência maior, por um lado, e por outro se os ideólogos do regime actual vão ter capacidade de manutenção sdo status quo. Até lá, atente-se nestas palavras de:
Pedro Rolo Duarte: «O que restava de certa esquerda a correr-me no sangue foi varrido em escassos dez dias, nos idos de 1993, quando umas inesperadas férias me levaram a Cuba. (…) Mas, em vez dessa felicidade que a propaganda vendia a rodos, em vez desse povo em festa permanente nas ruas, imagem de cartaz e de postal, encontrei miséria em todos os cantos e recantos da Ilha. Miséria disfarçada e escondida numa paz podre feita de policias que controlavam policias e outros policias para controlar os restantes. Miséria descarada nos racionamentos, nos professores universitários que acumulavam empregos para poder comprar um frango.»