1) Outro dia, a Metro do Porto divulgou, em comunicado, as vantagens ambientais da entrada em actividade do novo meio de transporte público. Tomados a sério, os dados revelados constituem boas notícias. Segundo a empresa, a circulação do Metro — suscitando a adesão de um número crescente de utentes — traduziu-se em benefícios, já quantificáveis, em termos de diminuição de tráfego automóvel. Para além disto—e da melhoria da mobilidade e qualidade de vida das pessoas, sujeitas a menor congestionamento rodoviário e menos poluição—a Metro do Porto levou o seu louvável zelo ecológico ao ponto de nos revelar este facto simpático: o carácter reutilizável do bilhete Andante , terá poupado o consumo de cartão e papel, preservando 400 árvores do abate! Isto é para aplaudir com ambas as mãos, e satisfaz quem se preocupa com as florestas e a destruição insensata de recursos naturais.
Mas, preparado já o elogio, eis senão quando, se vem a saber que a mesmíssima Metro do Porto, na mesma semana , procedeu ao abate de mais de 50 árvores—salgueiros, amieiros, carvalhos, castanheiros, bétulas, freixos, até um gingko—ali para as bandas da Asprela, no pólo universitário, mais propriamente nas traseiras do edifício do prestigiado IPATIMUP. Pouco se sabe do arboricídio e suas motivações, mas leu-se na Imprensa que o director do Instituto, professor Sobrinho Simões, denunciou a «impunidade com que a Metro do Porto entra dentro de terrenos alheios sem autorização». E nada mais. Nem um esclarecimento, nem uma justificação.
Realmente, é difícil elogiar, nos dias que correm!
2) O estado do rio Tinto tem vindo a piorar significativamente, de há muito tempo para cá. Este curso de água atravessa áreas urbanas muito densas-- e o território do futuro Parque Oriental do Porto. A transformação em esgoto é o resultado de muitos fracassos: estações de tratamento que não tratam nada, falta de redes de saneamento, desordem urbanística. Mas o que não sabíamos –e o JN desvendou— é que, aquando da construção do centro comercial Parque Nascente, foi necessário inutilizar um colector de saneamento dos SMAS do Porto na Estrada da Circunvalação. O grupo construtor, cuja obra fica já no concelho de Gondomar, terá pedido aos SMAS essa desactivação e assumiu o compromisso da sua reinstalação. O colector desaparece e, por via disso, seis milhões de litros de esgotos por dia, passaram a ser desviados para o pobre rio Tinto. Sabe o leitor há quanto tempo foi isto? Pois bem, há quatro anos. E desde aí, nada mudou... os seis milhões de litros lá vão para o rio, e daí para o Douro, até hoje—com a ETAR do Freixo ali á beira!! Mais palavras para quê?3) Junto à praia de Azurara, Vila do Conde, está em construção um empreendimento de luxo—condomínio fechado, pois claro---na zona de leito de cheias da ribeira da Varziela e do rio Ave, em plena faixa de erosão costeira e próximo de um sapal ali existente. A denúncia foi da Associação dos Amigos do Mindelo (AAMD) que lembra ainda ser essa zona considerada, num estudo da Universidade do Porto «espaço com prioridade máxima de conservação». O local já esteve inserido na Reserva Ecológica Nacional, mas foi fácil e convenientemente desanexado a pedido da Câmara, que também teve de suspender o PDM para poder dar aprovação ao projecto. Quantos aos riscos de erosão costeira ou cheias...são minimizados e esquecidos. É caso para perguntar: para que servem os planos e o planeamento? Onde está o « desenvolvimento sustentável»? Instituições há que deveriam clarificar as suas ideias—para ficarmos a saber se são parte da solução ou do problema!
Esto viene a ser una prueba, veremos qué resulta
Há 14 horas
0 comentários:
Enviar um comentário