Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

"Viver na Baixa é como vestir roupa de marca"

O processo de reabilitação da Baixa do Porto é aquele que se encontra em estado mais avançado a nível nacional, com um conjunto de obras que deverão arrancar no terreno a breve prazo e com o lançamento de novos projectos e documentos estratégicos. A Porto Vivo está assim a ultimar os planos a um conjunto mais vasto de quarteirões, alargando assim a sua acção a um total de cerca de 20 unidades de intervenção.O presidente do Conselho de Administrarão da Porto Vivo SRU, Arlindo Cunha, disse em entrevista à Vida Imobiliária que existe já «um conjunto de quarteirões, alguns deles com imóveis em fase de obra, a ser alvo de estudos da Porto Vivo». Saliente-se que estas unidades percorrem o eixo central que liga o topo da Avenida dos Aliados até à Ribeira (mais concretamente ao Infante), eixo que Arlindo Cunha considera ser «o mais central» e «mais nobre» da cidade. «Viver na Baixa é como vestir roupa de marca», disse, o que fica comprovado pela crescente procura de habitações registadas na Loja da Reabilitação, sobretudo por parte de casais jovens. Assim, para além dos quarteirões de Carlos Alberto, D. João 1, Cardosas, Cais das Pedras e Infante, juntam-se as unidades delimitadas pelas ruas Mouzinho da Silveira, Flores, Trindade Coelho, Bainharia, Viela do Anjo, Santana, Sousa Viterbo, S. João, Mercadores, Afonso Martins Alho, Banco de Portugal, Avenida dos Aliados ou Pensão Monumental, cujas obras poderão arrancar «a breve prazo».
Intervenções em curso.

Segundo Arlindo Cunha, em Carlos Alberto - onde a intervenção abrange 23 dos 30 edifícios do quarteirão - foi necessário accionar o processo de expropriação em nove prédios completos e em quatro fracções de um décimo edifício. O projecto contempla a recuperação de 86 fracções. No total são 30 prédios a ser intervencionados, 17 dos quais totalmente ocupados, cinco parcialmente ocupados, cinco devolutos e três em ruína. Metade dos imóveis estão em mau estado de conservação. Trata-se de um investimento de mais de 3,5 milhões de euros que deverá arrancar final do Verão e estará concluído em meados de 2007.
Já no quarteirão-piloto do Infante os proprietários mostram-se receptivos à «celebração voluntária de contratos de reabilitação», estando em curso negociações relativas a um caso. No conjunto, «chegámos ou estamos quase a chegar a acordo para a assinatura voluntária de contratos de reabilitação afirmou. Tratam-se de nove edifícios no quarteirão que incluiu a capela de Nossa Senhora do O e o Centro Social do Barredo, num investimento que rondará 1,7 milhões de euros.
O chamado quarteirão das Cardosas prevê um mix de habitação, comércio e serviços. E um espaço onde cerca de 75 por cento da área útil de todos os edifícios estão desaproveitados, e apenas seis fogos possuem moradores. Neste sentido, o projecto prevê a criação de 54 fogos a partir do segundo piso de cada prédio, com predominância da tipologia T2. Mas o projecto com maior visibilidade é o da unidade hoteleira de charme a instalar no Palácio das Cardosas. O edifício foi alienado pelo grupo Millenium BCP a um fundo de investimento e por valores não especificados. O hotel terá capacidade para albergar cerca de 200 hóspedes. No caso da frente ribeirinha, a SRU está a organizar, em colaboração com a Ordem dos Arquitectos, um concurso de ideias para se definir a melhor forma de aproveitar este espaço. Certeza apenas que as intervenções serão feitas «por fases».
Arlindo Cunha perspectivou também que em 2011 estejam concluídos, ou em curso, trabalhos em áreas de intervenção especial, como a do mercado do Bolhão, cujo lançamento do concurso público internacional foi já aprovado pela Assembleia Municipal da autarquia portuense. O total dos investimentos previstos para o local deverá rondar os quatro a cinco milhões de euros, apesar de o valor final depender da proposta concreta que venha a vencer. De acordo com as linhas estratégicas já apresentadas, a concessão do novo Mercado do Bolhão deverá estar concluído em finais de 2008, ou início de 2009 e deverá ser entregue ao operador privado por um período de 20 anos quase poderá estender até aos 50. Outros projectos em áreas de intervenção especial, designadamente a reabilitação de toda a frente ribeirinha do Douro ou o lançamento do Parque da Inovação, poderão estar em 2011 numa fase de início de trabalhos, tendo em conta que são «acções de grande envergadura».
Aquele responsável disse ainda que o modelo seguido de aposta em intervenções baseadas em quarteirões tem-se mostrado bastante funcional, pelo que continuará a ser seguido, não obstante outras soluções que possam surgir de interesse quer para a SRU, quer para os promotores. Também os instrumentos apostos na lei que regula estas sociedades têm-se mostrado satisfatórios. Até porque «o nosso objectivo não é fazer obra, mas sim facilitar e mediar todos os processos e intervenções».

Loja da Reabilitação
A Loja da Reabilitação é uma espécie de barómetro da procura da Baixa do Porto. Inaugurada em Setembro de 2005, o espaço recebeu, até 31 de Janeiro último, 1500 visitantes. A loja tem balcões específicos para informações gerais, licenciamento de projectos de reabilitação, mediação, incentivos e financiamentos bancários. Assim, 20 por cento dos 1500 visitantes procuraram informações gerais, 30 por cento foram tratar de licenciamentos e outros 30 por cento foram à procura de espaços para habitar. A procura de 30% corresponde uma oferta que ronda os 2%. «Este último dado confirma a ideia de que há muita gente interessada no processo», considerou o responsável pela sociedade de reabilitação. Por outro lado, Arlindo Cunha não se mostra receoso pelo facto de a crescente procura ser traduzida em especulação de preços. «Queremos que os valores possam crescer a níveis de mercado, quer no arrendamento, quer na compra, mas a especulação nunca é positiva», afirmou.No conjunto global definido como de intervenção da SRU - as áreas de intervenção prioritária representam cerca de um sexto da zona total a recuperar, ou seja, um quarto da superfície do Porto e a 40 por cento dos alojamentos disponíveis na cidade - Arlindo Cunha não revelou um calendário final de intervenção, nem quis fazer uma primeira avaliação do trabalho da Porto Vivo, pouco mais de um ano passado da sua instalação. «Só no final de uma década de trabalho se poderá fazer uma primeira avaliação», concluiu.

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