Avanço muito devagar na leitura de Estaline. A Corte do Czar Vermelho, de Simon S. Montefiore. Todas as noites leio cinquenta páginas. Há muitos nomes para decorar, muitos episódios para relembrar. E muitos números para anotar nas margens. E todas as noites Estaline mata cinquenta, sessenta mil pessoas. Eram as suas quotas de fuzilamentos, como um Plano Quinquenal. Raramente consigo dormir logo. Depois dos processos de Zinoviev e Kamenev e da morte de Kirov, há antigas amantes e velhos amigos, Velhos Bolcheviques, generais e técnicos de som que gravaram mal a voz do Chefe -- todos morrem. Há noites em que assisto a mais mortes. Crianças e famílias inteiras. Nada de sentimentalismo. Engenheiros de almas, regressai da tumba. Todas as noites o comunismo mata um pouco, arrasta-se como um cadáver entre cadáveres.
via A Origem das Espécies
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