"O dia de hoje é (4 Dez), seguramente, um dos mais tristes da história recente de Portugal – faz 26 anos que o País perdeu dois dos mais notáveis políticos.
Tinha 14 anos na altura e fui aprendendo a conhecer o pensamento e a genialidade destes dois dirigentes partidários que foram assassinados. Desde a semana passada, se é que alguém tinha dúvidas acerca da tese do atentado, as mesmas foram desfeitas numa entrevista de um dos principais suspeitos de sempre – José Esteves.
Já muito se disse e se escreveu sobre Camarate. À incapacidade de o Estado Português julgar os autores morais e materiais do atentado, à incompetência da Justiça portuguesa em apurar a verdade e ao inclassificável peso do Parlamento em fazer vingar as conclusões das várias Comissões de Inquérito, juntou-se, agora, a falta de vergonha da RTP.
Ontem à noite, no canal 1, em horário nobre, os humoristas do momento brincaram com o atentado de Camarate, num claro sinal de que tudo é permitido e ninguém põe freio nesta gente que é principescamente paga com os dinheiros dos nossos impostos. Em mais um episódio de "Diz que é uma espécie de magazine", os Gato Fedorento resolveram brincar com um tema que os devia levar a reflectir se vale tudo na vida para ganhar dinheiro e ter sucesso. Fazer humor com a morte de alguém, ainda para mais nas circunstâncias trágicas em que tudo aconteceu em Camarate, levam-me a pensar que a RTP se não está em roda livre para lá caminha e a passos largos.
Aguardo, serenamente, que o quarteto humorista da moda e os responsáveis pela programação da RTP se retratem publicamente. Suspeito que jamais o farão, pois devem todos considerar-se acima de qualquer suspeita e da crítica.
O problema é que a todos eles não basta pedir desculpa aos familiares das sete vítimas mortais, mas a todos os portugueses...
E se o Presidente da República resolvesse chamar a Belém o Presidente da RTP não me chocaria nada. Tal como não me chocaria que o Ministro que tutela a RTP pedisse explicações ao responsável máximo pelo canal publico de televisão. É que a memória de um Primeiro-Ministro, de um Ministro da Defesa Nacional e de um Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro, que perderam a vida ao serviço da Pátria, não pode ser dilacerada deste forma estúpida, irresponsável e ignóbil.
Justificar o que aconteceu na fatídica noite de 4 de Dezembro de 1980 com um mero acidente fruto de um festejo de um adepto do Benfica, que de caçadeira em punho deu dois tiros para o ar por uma vitória nesse dia e os tiros acertaram no avião, ou com uma mulher que dava pão aos pombos e um deles chocou com o Cessna, ou ainda com a tese de ter sido uma brincadeira de pilotos de um outro avião que bateu na asa do aparelho, ultrapassa tudo o que é imaginável. Se isto é humor, estamos conversados.
Infelizmente, a estes “rapazolas” tudo é permitido. E ai de quem os critique ou se atreva a pôr em causa o seu mérito.
Para além de ser já exasperante o bombardeamento diário de “n” anúncios dos Gato Fedorento, ter de assistir, no canal público de televisão, a um atentado à memória de Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Snu Abecassis, Maria Manuela Amaro da Costa, Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa é, a todos os títulos, chocante.
O que me interrogo é se alguma daquelas quatro almas, ou quem produz os seus textos, questionou sequer a gravidade da forma como trataram um dos momentos mais delicados e graves da história política de Portugal.
É precisamente em casos como estes que a Entidade Reguladora da Comunicação deve actuar. Espero que o façam, pois para impunidade já basta a da Justiça portuguesa sobre este caso.
A juntar ao triste episódio dos Gato Fedorento, só falta mesmo que se confirme algo que li num dos jornais de referência – o Procurador-Geral da República já terá escolhido o sucessor do actual Procurador-Geral Distrital de Lisboa. Trata-se, segundo o Expresso online de 30 de Novembro, do Procurador Geral Adjunto, Boaventura Marques da Costa. Um magistrado do Ministério Público que se destacou pelo facto de ter tido em mãos o processo de Camarate. Faço votos para que o bom senso acabe por imperar, ao menos, na Procuradoria-Geral da República."
Tinha 14 anos na altura e fui aprendendo a conhecer o pensamento e a genialidade destes dois dirigentes partidários que foram assassinados. Desde a semana passada, se é que alguém tinha dúvidas acerca da tese do atentado, as mesmas foram desfeitas numa entrevista de um dos principais suspeitos de sempre – José Esteves.
Já muito se disse e se escreveu sobre Camarate. À incapacidade de o Estado Português julgar os autores morais e materiais do atentado, à incompetência da Justiça portuguesa em apurar a verdade e ao inclassificável peso do Parlamento em fazer vingar as conclusões das várias Comissões de Inquérito, juntou-se, agora, a falta de vergonha da RTP.
Ontem à noite, no canal 1, em horário nobre, os humoristas do momento brincaram com o atentado de Camarate, num claro sinal de que tudo é permitido e ninguém põe freio nesta gente que é principescamente paga com os dinheiros dos nossos impostos. Em mais um episódio de "Diz que é uma espécie de magazine", os Gato Fedorento resolveram brincar com um tema que os devia levar a reflectir se vale tudo na vida para ganhar dinheiro e ter sucesso. Fazer humor com a morte de alguém, ainda para mais nas circunstâncias trágicas em que tudo aconteceu em Camarate, levam-me a pensar que a RTP se não está em roda livre para lá caminha e a passos largos.
Aguardo, serenamente, que o quarteto humorista da moda e os responsáveis pela programação da RTP se retratem publicamente. Suspeito que jamais o farão, pois devem todos considerar-se acima de qualquer suspeita e da crítica.
O problema é que a todos eles não basta pedir desculpa aos familiares das sete vítimas mortais, mas a todos os portugueses...
E se o Presidente da República resolvesse chamar a Belém o Presidente da RTP não me chocaria nada. Tal como não me chocaria que o Ministro que tutela a RTP pedisse explicações ao responsável máximo pelo canal publico de televisão. É que a memória de um Primeiro-Ministro, de um Ministro da Defesa Nacional e de um Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro, que perderam a vida ao serviço da Pátria, não pode ser dilacerada deste forma estúpida, irresponsável e ignóbil.
Justificar o que aconteceu na fatídica noite de 4 de Dezembro de 1980 com um mero acidente fruto de um festejo de um adepto do Benfica, que de caçadeira em punho deu dois tiros para o ar por uma vitória nesse dia e os tiros acertaram no avião, ou com uma mulher que dava pão aos pombos e um deles chocou com o Cessna, ou ainda com a tese de ter sido uma brincadeira de pilotos de um outro avião que bateu na asa do aparelho, ultrapassa tudo o que é imaginável. Se isto é humor, estamos conversados.
Infelizmente, a estes “rapazolas” tudo é permitido. E ai de quem os critique ou se atreva a pôr em causa o seu mérito.
Para além de ser já exasperante o bombardeamento diário de “n” anúncios dos Gato Fedorento, ter de assistir, no canal público de televisão, a um atentado à memória de Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, António Patrício Gouveia, Snu Abecassis, Maria Manuela Amaro da Costa, Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa é, a todos os títulos, chocante.
O que me interrogo é se alguma daquelas quatro almas, ou quem produz os seus textos, questionou sequer a gravidade da forma como trataram um dos momentos mais delicados e graves da história política de Portugal.
É precisamente em casos como estes que a Entidade Reguladora da Comunicação deve actuar. Espero que o façam, pois para impunidade já basta a da Justiça portuguesa sobre este caso.
A juntar ao triste episódio dos Gato Fedorento, só falta mesmo que se confirme algo que li num dos jornais de referência – o Procurador-Geral da República já terá escolhido o sucessor do actual Procurador-Geral Distrital de Lisboa. Trata-se, segundo o Expresso online de 30 de Novembro, do Procurador Geral Adjunto, Boaventura Marques da Costa. Um magistrado do Ministério Público que se destacou pelo facto de ter tido em mãos o processo de Camarate. Faço votos para que o bom senso acabe por imperar, ao menos, na Procuradoria-Geral da República."
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