Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Francisco Moita Flores - EXCELENTE!

FRANCISCO MOITA FLORES, Professor Universitário, in CORREIO DA MANHÃ - 13 DEZº


"Vai ganhar uns cobres. Sobretudo com os tansos que querem ver ali a prova provada das vigarices de Pinto da Costa."


O livro chegou-me às mãos por via clandestina. Um envelope sem remetente. É óbvio que quem assim procedeu queria que eu falasse sobre as memórias de Carolina e Pinto da Costa. Hesitei. Até porque não consegui ler mais do que uma dúzia de páginas. Mas o noticiário tem sido abundante e quem me ofereceu o livro, seguramente com a expectativa de me ver desancar Pinto da Costa, merece que não o deixe lamentar o dinheiro que gastou com esta inusitada prenda.

A senhora produz graves acusações contra o seu ex-companheiro. Acusa-o de crimes graves e de manobras de influência para condicionar resultados de futebol. Nada que não seja dito à boca pequena, sobretudo entre sportinguistas e benfiquistas ressabiados com as vitórias do Porto. Eu próprio, depois de cada derrota do Sporting, invento remédio para a mágoa com o penálti que não foi marcado ou pela suspeita quase certa de que o outro comprou o árbitro. Passa a birra e a maioria das vezes tenho de admitir que o Sporting perdeu porque jogou mal. E pronto!

No entanto, existe em cada vencido a necessidade de encontrar um Pinto da Costa vencedor para se lhe chegar a roupa ao pêlo. A culpa nunca é nossa. É sempre do outro. É assim no futebol e nos restantes aspectos da nossa vida colectiva. A inveja, o despeito, a mediocridade produzem Pintos da Costa com a mesma velocidade com que os comerciantes ornamentam lojas com o Pai Natal.

Carolina escreve ressabiada. Não por causa das vitórias do Porto mas porque algo correu mal com o seu ex-marido e, vai daí, revela intimidades. E sobre coisas que muitos gostariam que fossem verdade. Não é um livro. É uma fisgada contra o ex-companheiro. Um murro. No mínimo, um insulto.

Duvido, por aquilo que li, que se faça qualquer prova judiciária. A palavra dele vale o mesmo que a palavra dela. Não existe um único elemento probatório que permita ir para além da confissão da senhora e bem se sabe que a confissão, só por si, não é elemento de prova.

Fica a ideia de que Carolina percebeu a importância da podridão para vender coisa ruim. E embora não haja demonstração judiciária, até à data, todos repetem que o mundo do futebol é de podridão habitado por coisas ruins. Vai ganhar uns cobres. Sobretudo com os tansos que querem ver ali a prova provada das vigarices de Pinto da Costa. Mas não destrói nada. Nem belisca. Em vez de uma zaragata à portuguesa com o marido, decidiu zaragatear sozinha. Escreve e não aceita resposta. É uma boa solução para estancar a violência doméstica verbal mas insuficiente para desnudar o tal mundo tenebroso do futebol.

Este ‘Apito Dourado’ há muito que se tornou uma farsa pública. Que vai tendo mais este ou aquele ingrediente conforme o protagonista do momento, mas sem resultados práticos nem fim à vista. Basta que se diga que todos os seus intervenientes, anos depois, continuam nos mesmos lugares. Nem uma única beliscadura. E já poucos duvidam que o Porto vai ser outra vez campeão. E nós cá ficamos com a Carolina chamando nomes ao Pinto da Costa e aos árbitros. E ele que se deve ralar!

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