Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

País a 2 velocidades: um exemplo chamado TGV


Parece que o comboio de alta velocidade (TGV) é mesmo para avançar. O governo já admitiu, inclusivé, que haverá um desinvestimento noutras redes ferroviárias para poder canalizar o dinheiro para o TGV (isto tudo dito com paninhos quentes, claro!).

Como se percebe, era mesmo disto que Portugal precisava: fazer com que os lisboetas consigam chegar de Lisboa a Madrid em duas horas e meia! Faz lembrar a propaganda do Choque Tecnológico, em que se anunciam pomposamente grandes inovações, mas se ignora que para a maioria tudo fica na mesma ou pior. 640 km em 2h30m é obra! Como diz Miguel Sousa Tavares, não dá é a bota com a perdigota. Vejamos porquê:

Se não fossem necessárias as quase 6 ½ horas de viagem (com mudança de comboio no Porto e na Régua) para fazer os 390 km que separam Vila Real de Lisboa…

Se não fossem as mais de 5 ½ horas necessárias para fazer os 380 km de Viana do Castelo a Lisboa (com mudança de comboio em Famalicão)…

Se não fossem as quase 4 horas que leva fazer os 370 km de Braga a Lisboa…

Se não fosse pelas 3 horas que são precisas para ir da segunda cidade mais importante do país (o Porto) até à capital (pouco mais de 300 km)…

Se não fosse pelas mesmas 3 horas que leva percorrer os mesmos 300 km de Faro a Lisboa…

Se não fosse pelas 3 ½ horas de Portalegre a Lisboa (com mudança de comboio no Entroncamento), num percurso de apenas 220 km

Se não se precisasse das mesmas 2 ½ horas do TGV Lisboa/Madrid para fazer uns míseros 180 km entre Lisboa e Beja, ou o mesmo tempo para os 270 km que separam Aveiro da capital do Triste Império…

Se não fosse pelas 4 ¼ horas da Guarda a Lisboa (340 km) ou as 3 horas de Lisboa a Castelo Branco (230 km)…

Se não fossem as mais de 4 horas (!!!) para fazer Lisboa-Leiria nuns escassos 140 km (também com duas ou três mudanças de comboio)…

Se não fosse o facto de os habitantes de Bragança ou de Viseu, no caso de lhes apetecer, ou no caso de terem mesmo que ir a Lisboa, serem obrigados a ir de outra maneira qualquer porque comboio NÃO HÁ

Enfim, se não fosse o facto de todas as cidades referidas não serem cidades quaisquer, mas importantes CAPITAIS DE DISTRITO

Se não fosse por tudo isto, eu ficava orgulhosíssimo por poder fazer Lisboa-Madrid (640 km!!!) em duas horas e meia. Mas como preciso de ir mais vezes a algumas das cidades referidas do que a Madrid; como milhares de portugueses, tal como eu, precisavam era de se deslocar dentro do país com maior rapidez; como ando muito de comboio e vejo que não falta gente a fazer o mesmo que eu, pelo que não é por falta de clientes que as linhas ferroviárias nacionais não se modernizam; como, mais uma vez, o governo do pseudo-engenheiro prefere beneficiar meia dúzia de gente abastada (que até pode ir para Madrid de avião ou num dos inúmeros carros com motorista pagos pelos nossos impostos) ao mesmo tempo que, com o desinvestimento nas linhas nacionais, prejudica milhares de portugueses que pagam impostos… Em suma, como a realidade que temos é esta e com tendência a agravar-se, por causa de um suposto défice que parece não afectar megalomanias como a do TGV, o que sinto não é orgulho, mas antes, uma vez mais, uma profunda vergonha e tristeza por ter nascido portucalense e ser dominado por lisboa.

0 comentários: