Presidente do FC Porto contesta reabertura do processo "Apito Dourado" e faz acusações (irrefutáveis) a Vieira.
Sobre a mesma, diz Manuel Tavares, in O JOGO:
Pinto da Costa encerrou o ciclo da especulação sobre a sua decadência e voltou a ser o que era. Se a guerra com Vieira é apenas um "remake", o alvo Saldanha Sanches é uma novidade. E grande!
A entrevista do presidente do FC Porto a noite passada na SIC Notícias se não teve outra virtude, encerrou um ciclo de especulações sobre a decadência, perda de poder e até medo de Pinto da Costa. Obrigado à prudência e ao silêncio em consequência do processo "Apito Dourado", esta foi a primeira aparição pública em que deu a imagem de voltar a ser quem era. Ou seja: alguém que não tem papas na língua e não escolhe os adversários por serem mais ou menos poderosos, nem mede os desafios consoante as circunstâncias.
Se o ataque a Luís Filipe Vieira ainda poderá ser levado à conta da primeira batalha do campeonato que está à porta e não faltará quem vá por essa via folclórica, já outras situações não podem passar em claro para o bem e para o mal do que todos nós, os adeptos de um futebol e igualmente de uma democracia limpa, desejamos seja esclarecido.
Ora antes de os tribunais tirarem tudo a limpo, conviria que quem se torna actor neste processo deva usar do máximo rigor na informação que presta e nas conexões que com ela faz.
Entre os que se tornaram actores do processo soube-se ontem pela boca de Pinto da Costa está Saldanha Sanches que ao comentar na SIC a questão da corrupção no futebol português deu como exemplo o ordenado de dois mil euros que o presidente da FC Porto, Futebol-SAD auferiria.
Ora bastaria ao eminente fiscalista consultar o relatório e contas da sociedade desportiva dos dragões para saber o valor exacto da remuneração de Pinto da Costa.
Porque ninguém acredita que sobre matéria tão factual e tão facilmente comprovável, Pinto da Costa tivesse declarado em depoimento para a justiça que ganhava os tais dois mil euros, que foi o que Saldanha Sanches disse nessa intervenção televisiva.
Não sendo obrigatório seguir pela fronteira da conspiração com que Pinto da Costa bordejou as respostas dadas às perguntas sobre o Apito Dourado, também não resta a menor dúvida de que gente como Saldanha Sanches não faz bem a ninguém: nem sequer à televisão, quanto mais à democracia.
De facto, quando alguém como ele produz afirmações como a de que há mais corrupção na província porque há mais vizinhança e amiguismo, o que apetece mesmo perguntar é: mas foi o senhor que chegou a essa conclusão por si mesmo ou foi-lhe transmitida pela ciência forense da senhora sua esposa, a Procuradora Maria José Morgado?
Concluindo, A entrevista de Pinto da Costa à SICN é mais um grande momento do Senhor Presidente. O seu excelente e hábil discurso conseguiu deixar passar aquilo que realmente é importante salientar neste momento: a sua inocência, a falta de credibilidade da sua acusadora, as cumplicidades de Vieira e Pinhão que os médias lisboetas (e não só) se negam a valorar e o facto de ter um Ministério Público 24 horas à sua perna com os resultados que se conhecem (acusação de corrupção em três jogos absurdos).
No meio, uma estrondosa goleada ao Orelhas Vieira e uma lição ou melhor, um curso acelarado de gestão no futebol de alta competição.