Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Portugal não é para os portugueses


Vivemos num país em que os monarcas descrebilizaram a monarquia, os republicanos destruíram a república, um ditador destruiu em Estado que se queria novo, o Partido Comunista quis destruir o 25 de Abril, o pai da democracia quer que a democracia seja menos democrata. Um país de intelectuais insuficientes, impreparados, artistas da retórica, auto-suficientes na sua pequenez, que querem mandar no que não sabem dirigir. Um sarro que nos acompanha todos os dias, um sarro que temos de ler todos os dias na imprensa. Um sarro que, quando há crises e dificuladades, estão sempre do lado do problema, nunca estão do lado da solução.
O'Neill topou-os, aos autores do"país cabisbaixo". E quem os topa também é a Helena F Matos, com o excelente texto que vos apresento abaixo.

« Não os posso ouvir falar do povo. Do povo que eles dizem ignorante, boçal e pouco culto. Vão para o raio que os parta. Levaram o século XX a sonhar com aquilo que o povo devia fazer. Se fosse culto, se fosse educado, se fosse qualquer coisa que passava inevitavelmente por ser o que eles queriam. Eles mandaram o povo ser monárquico e depois republicano. Depois começaram a lutar entre si e escavacaram ainda mais a vida do povo. Levaram anos e anos em golpes e contra golpes que acabavam inevitavelmente com eles a abraçarem-se uns aos outros e a gritar Viva a República.  O país empobrecia e o povo emigrava e eles achavam que o povo devia ficar a labutar nas suas courelas para ajudar o país. Das Europas e das Américas o povo mandava remessas que equilibravam as contas do país mas eles tinham vergonha desse povo emigrante que eles diziam e dizem  não percebe nada de política e cometeu o pecado capital de querer viver melhor pelos seus meios e não graças à aplicação do decálogo do momento das elites do seu país. O povo ia rezar a Fátima e eles tremiam de horror porque o povo não devia rezar. Ou não devia rezar ali mas sim ficar a reflectir nos seus centros católicos sobre a superioridade moral das encíclicas papais. Eles mandaram os filhos do povo para a Flandres e para África e depois disseram-lhes que tudo tinha sido um engano. O povo pegou nas coisas e apenas deixou por essas terras os cadáveres dos filhos do povo que por lá tinham morrido. Quando chegaram encontraram no poder a maior parte daqueles que anos e meses antes lhes falavam de dever e da pátria.  A única diferença entre o momento da partida e o da chegada é que os militares tinham sido promovidos.  O povo quis televisão e praia e eles ficaram horrorizados com a falta de tipicismo das aldeias e quiseram banir o turismo de massas. O povo trocou as feiras pelos supermercados e eles que antes não suportavam as romarias populares passaram a defender os tempos em que o povo trocava galinhas por tecidos na feira da vila. O povo sentou-se à mesa dos restaurantes e eles quiseram proibir as cadeias de comida barata enquanto enfastiados se abasteciam nas lojas gourmet. O povo não larga o carro e eles sentados nos seus topos de gama e nas suas bicicletas que custam uma fortuna desataram a diabolizar o automóvel e anunciaram o fim do mundo como resultado das alterações climáticas. Eles quiseram que fossemos um estado corporativo e o povo viveu com os grémios. Depois os grémios passaram a cooperativas e o povo continuou a suportar-lhe os regulamentos. Eles disseram que o país estava orgulhosamente só e depois, às vezes os mesmos, garantiram-lhe que estava orgulhosamente acompanhado e que o povo se devia orgulhar por isso. E o povo orgulhou-se. Do Estado Novo ao socialismo à portuguesa do PREC eles disseram ao povo que Portugal era uma excepção e o povo suportou os custos dessa excepcionalidade.  Eles disseram que lhes deram casas – quem as terá pago? – através duma fundação chamada Salazar em bairros que depois passaram a ser 25 de Abril  e o povo continuou a bater palmas aos senhores que diziam que lhes davam casas. E eles contentes diziam que ainda iam dar mais. Volta e meia dizem ao povo que o país está em crise. Nunca por culpa deles mas sim por culpa do mundo e sobretudo por culpa do povo. Que trabalha pouco, gasta muito, é pouco culto e não tem formação. E o povo a quem apresentaram como uma conquista sua a legislação laboral, a quem disseram que poupar era coisa do passado e que paga e frequenta obrigatoriamente uma escola que o deveria fazer mais culto cerra os dentes e dispõe-se a trabalhar mais, ganhar menos, pagar mais impostos e fazer mais um sacrifício em nome do país. E todos os dias mas todos sem excepção lá estão eles a dizer mal do povo. Porque o povo não faz a revolução. Porque o povo ri. Porque o povo é alienado. Porque o povo quer comprar mais e pagar menos. Porque o povo…   Não acredito na bondade natural do povo mas tenho a certeza que a nossa vida teria sido bem pior caso o povo tivesse cumprido os sonhos das suas elites.» Por Helena F Matos in Blasfémias

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