Afinal vamos mesmo voltar às grandes obras do regime, típicas do tempo de José Sócrates?
Apesar de o país ter uma dívida pública de 133 por cento do PIB, uma posição de investimento internacional das mais degradadas do mundo e responsabilidades brutas de quase 700 mil milhões de euros perante o exterior (quatro vezes o PIB anual), não aprendemos a lição?
A empresa pública IP – Infraestruturas de Portugal vai lançar um concurso para estudar as acessibilidades rodo - ferroviárias ao novo terminal de contentores no Barreiro. O anúncio é oficial, foi publicado esta quarta-feira em Diário da República.
O estudo, revela a Agência Lusa, vai custar 600 mil euros. É o pontapé de saída para uma nova obra faraónica de que os construtores do Regime já estavam famintos.
Já passava tempo demais desde que a Troika chegou a Portugal e o FMI, o Mecanismo Europeu de Estabilidade e o BCE tiveram de pagar as nossas contas de urgência, senão íamos para a bancarrota.
A doutrina oficial vai pregando que os 700 milhões de euros (700 milhões, coisa pouca!) que o novo Terminal de Contentores do Barreiro vai custar, vão ser pagos pelos investidores privados.
Todos sabemos que não é verdade. Entre financiamentos públicos e garantias de Estado, quem vai pagar é o contribuinte português. Depois, os privados poderão ficar a gerir e a arrecadar os lucros, enquanto o negócio der (o que não é garantido). Se o negócio deixar de dar, vão-se embora e nós ficamos com mais uma PPP às costas.
Foi assim até agora com as PPP rodoviárias, com os terminais multi - modais, com as plataformas logísticas, com o Aeroporto de Beja. Que razão haverá para não voltar a ser assim? Nenhuma…
Entretanto o Porto de Setúbal continua muito abaixo da sua capacidade de utilização. E o Porto de Lisboa é cada vez menos utilizado por causa das guerras laborais e sobretudo dos interesses imobiliários do Triângulo de quatro lados, autarquias, promotores, clientelas políticas e bancos financiadores.
Não, o novo Terminal de Contentores do Barreiro não é necessário – os Portos de Lisboa e Setúbal, mais o de Sines que é próximo, chegam e sobram;
O novo Terminal de Contentores do Barreiro é demasiado caro para um país que ainda não se afastou muito da pré -falência; Dragar metade do Tejo e retirar biliões de metros cúbicos de lodo da baía de Lisboa em frente ao Barreiro quando há águas profundas desaproveitadas na margem direita do Tejo, a Norte, em Setúbal e em Sines, nem sequer é disparate, tresanda a esquema.
O Novo Terminal de Contentores do Barreiro vai servir muito mais para dar muito dinheiro a ganhar a muita gente, a muitos interesses, e muito menos servir o interesse nacional;
Sim, a tentação de fazer o Novo Terminal de Contentores do Barreiro vem ainda do tempo do Governo anterior, de Pedro Passos Coelho, e eu nunca percebi porquê, a não ser porque os lobbies do Regime que nos desgraçaram continuaram a minar mesmo durante a brutal crise que nos atingiu e agora estão a levantar a cabeça de novo.
Sim, o lado mau da banca que se desgraçou a si própria e ao país ainda não desapareceu e está a pressionar para que esta obra faraónica avance rapidamente (à socapa, porque agora o BCE está à espreita, mas os bancos precisam de voltar a ganhar dinheiro rápido e é preciso inventar novos esquemas para isso).
Os lobbies que querem o Novo Terminal de Contentores do Barreiro são exactamente os mesmos que estão a pressionar para que o Aeroporto de Lisboa na Portela não seja rapidamente ajudado pela abertura do aeroporto militar de Rio Frio ao tráfego civil, para receber os voos low-cost. Esses lobbies continuam a pressionar para que seja feito um novo grande aeroporto internacional em Alcochete ou em qualquer outro lado, desde que seja grande e custe muito dinheiro. São os mesmos lobbies que impediram o Metropolitano de chegar ao aeroporto de Lisboa durante muitas décadas. Os seus agentes deviam ser levados a tribunal para responder pelos graves danos provocados ao país.
Dr António Costa, pode mandar parar o projecto do Novo Terminal de Contentores do Barreiro? Pode mandar parar estas brincadeiras que ficam demasiado caras para o país?
Senhores Deputados da Nação, podem levar este assunto a debate com urgência na Assembleia da República?
É que nós, contribuintes portugueses, não aguentamos mais…
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