Miguel Morgado (aqui) sobre O Islão é Charlie?, de Slavoj Žižek: Crítica de livros: O Islão é Charlie?
Curiosamente, Zizek inicia este pequeno manifesto com uma crítica cerrada à correcção política que caracteriza a chamada esquerda democrática. Zizek diz com todas as letras que as atenuantes com que a esquerda nos brinda sempre que ocorre uma atrocidade a cargo do fundamentalismo islâmico – os muçulmanos são oprimidos e explorados, os EUA com a sua política no Médio Oriente são os responsáveis pelos atentados, falta tolerância multiculturalista – são uma demonstração da falência intelectual dessa esquerda. Diz Zizek com notável discernimento: “quanto mais os left wing liberals ocidentais se culpabilizarem, mais serão acusados pelos muçulmanos fundamentalistas de hipócritas que apenas tentam esconder o seu ódio pelo Islão”. Para Zizek não há atenuantes para um fundamentalismo que é um fanatismo “racista, religioso e sexista”. Dá bem ideia da decadência actual da esquerda não revolucionária que seja preciso Zizek para lhe dizer isto.
0 comentários:
Enviar um comentário