Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Estreia mundial reabre Casa da Música

Hoje é o primeiro dia da nova temporada da Casa da Música (CM), no Porto, oficializado com o concerto dos Timbila Muzimba, às 23 horas (ver programação). Mas o que marca a 'rentrée' da casa dirigida por Pedro Burmester é a estreia mundial do tríptico ópera/dança/vídeo "A little madness in the Spring" (uma pequena loucura na Primavera). O espectáculo, que terá récitas amanhã e depois, às 21 horas, é altamente destacável não apenas por ser exclusivo da Fundação, pelos criativos que o geraram ou pelo próprio método de concepção o tríptico revolucionou o palco da Sala Suggia, tal como a conhecemos.

"Esta estreia marca a nova temporada, por um lado, por uma questão de ordem pragmática, na medida em que era necessário ter a sala fechada durante um mês para poder trabalhar o espaço - explica o programador António Jorge Pacheco -, e, por outro, porque se trata de um projecto marcante, ambicioso e arriscado".

António Pinho Vargas, um dos três compositores da ópera, destaca, em particular, o facto de o espectáculo "responder a uma interrogação e uma expectativa - a questão do fosso de orquestra Isto vem demonstrar que, dentro de certos limites, é possível realizar uma ópera neste espaço".

Para levar à cena "A little madness in the Spring", do palco da Sala Suggia desapareceram os lugares do coro para criar mais dois níveis de palco revestidos com relvado artificial; foram colocados três ecrãs e três carvalhos naturais e, ainda, criada uma área para os músicos do Remix Ensemble que actuarão sob direcção de Frank Ollu.

O compositor lembra que "a Gulbenkian, em Lisboa, tem fosso, mas não apresenta óperas encenadas".

Esta não é uma ópera qualquer. É uma encomenda da CM a Paulo Tunhas, autor do libreto; Frédéric Durieux, autor da música para dança; António Pinho Vargas, autor da música para ópera; Iris ter Schiphorst, autora da música para vídeo, e Giuseppe Frigeni, encenador, coreógrafo e cenógrafo.

"Cada criativo trabalhou separadamente na sua área. Não havia proximidade estética entre os três compositores. Giuseppe foi o unificador e ele trabalha numa relação de proximidade com a música que não é frequente", realça Pinho Vargas.

A trilogia criativa é "propositada - nunca propusemos que estivessem de acordo para fazer a mesma coisa, antes que estivessem de acordo para fazer coisas diferentes -" e a concentração de funções em Frigeni era "inevitável", sublinha o programador. "É complicado lidar com egos e raízes estéticas diferentes e não há muitos capazes de fazer isso", conclui.

Em suma, a estreia, na sua plenitude, será não só para o público, mas também para os criadores. "É incrível", comenta Iris ter Schiphorst, "transformar três trabalhos num só".

No caso da compositora holandesa, o desafio passou por compor para vídeo sem ter o filme de avanço e perceber que "a linguagem verbal é um meio pouco fiel quando se trabalha matéria que não se explica por palavras". Longe do som tradicional do ensemble, o resultado é "cru e nada artificial, sujo e cheio de paixão e envolve electrónica", adianta Schiphorst.

As únicas premissas da encomenda da CM passavam, além de explorar o espaço, por "inovar sobre o futuro das artes performativas", trabalhar as componentes música, dança e vídeo, e partir de um "texto que integrasse os sentimentos humanos fundamentais" - amor, ódio e ciúme -, afirma António Jorge Pacheco. Vera, Dave e Chuck são as três personagens, encarnadas por três cantores e três bailarinos nas três partes do espectáculo.

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