Manuel, Serrão, Empresário, no JN
As últimas notícias sobre o Porto falam-nos de uma população em fuga. Será verdade? Será grave?
Os estudos parecem confirmar que algumas dezenas de milhares de pessoas deixaram de ser habitantes do concelho do Porto. Desde logo, há gente que deixou de viver no Porto pura e simplesmente porque morreu. Lamento dizê-lo, mas conheço alguns casos. Os sobreviventes não terão propriamente fugido. Terão saído do concelho do Porto para se instalar num dos concelhos limítrofes.
Para tentar situar a questão e explicar melhor onde quero chegar vou dar o exemplo das minhas sapatilhas, no tempo em que jogava basquetebol. No ano em que venci a asma de criança e comecei a engordar, o responsável pela minha educação convenceu-me a praticar desporto mais a sério e entrei para a equipa de minibasquete do CDUP. Precisei de comprar umas sapatilhas novas.
Na época seguinte, os treinos tinham dado frutos, a estatura ajudava e "transferi-me" para o F.C. Porto, juntando o útil ao agradável. Recordo-me que das primeiras atitudes que tomei foi comprar umas sapatilhas novas.
Um ano depois ainda na categoria de iniciados, o F.C.Porto reuniu três equipas numa só e eu tive a sorte de ser escolhido para ficar, ainda que tenha visto a maior parte dos jogos do banco. Mesmo sem lhes dar grande utilização nos jogos oficiais, a meio da época fui obrigado a adquirir.... já estão adivinhar...umas sapatilhas novas.
Só estou a perder tempo com os que nunca foram pais. Os outros sabem bem do que falo os pés acompanham o crescimento do corpo, ainda que em direcção perpendicular e sapatos que servem aos 11 anos não dão para os 12 nem para os 13.
Na questão da pretensa fuga dos habitantes do Porto, estamos na mesma. É preciso não confundir esta situação com a desertificação da Baixa do Porto.
A divisão administrativa do país é do tempo de Alexandre Herculano. Não de liceu, que sendo antigo é do nosso tempo. Esta estrutura nacional vem dos tempos em que o escritor ainda nem sonhava que ia ter um liceu e várias ruas com o seu nome. Pensem numa palavra mais forte que antiga.
Voltemos ao Porto. Os meus pais, que Deus mantém vivos, lembram-se bem do tempo em havia gente que vivia na "Baixa" e arrendava casa de férias na Foz. Do Douro. Não se riam, por favor.
Tirando o D. Quixote, não estou a ver ninguém que tenha legitimidade ou autoridade moral para investir contra esta fuga dos habitantes do Porto. Apetece-me lembrar que não é possível fugir de um sítio para o mesmo sítio e é disso que se trata. As pessoas mudam de casa do Porto para o Porto. Como dantes nos mudávamos de Paranhos para a Foz, hoje mudamo-nos da Foz para Matosinhos ou das Antas para Avintes.
A circunvalação terminou há muito a sua função. O concelho do Porto é uma figura de retórica. O PortoGaia é só uma passagem para a outra margem.
É preciso levar a sério a Região e engordar as freguesias de pessoas e recursos à custa de uma dieta forçada de algumas Câmaras. Alguns não vão gostar, mas não há partos sem dor nesta coisa das reformas.
Quem ainda não percebeu que aquilo a que faz sentido hoje chamar Porto é aquilo a que chamamos Área Metropolitana do Porto, só anda cá a ver passar comboios. E afinal nós já temos metro.
As últimas notícias sobre o Porto falam-nos de uma população em fuga. Será verdade? Será grave?
Os estudos parecem confirmar que algumas dezenas de milhares de pessoas deixaram de ser habitantes do concelho do Porto. Desde logo, há gente que deixou de viver no Porto pura e simplesmente porque morreu. Lamento dizê-lo, mas conheço alguns casos. Os sobreviventes não terão propriamente fugido. Terão saído do concelho do Porto para se instalar num dos concelhos limítrofes.
Para tentar situar a questão e explicar melhor onde quero chegar vou dar o exemplo das minhas sapatilhas, no tempo em que jogava basquetebol. No ano em que venci a asma de criança e comecei a engordar, o responsável pela minha educação convenceu-me a praticar desporto mais a sério e entrei para a equipa de minibasquete do CDUP. Precisei de comprar umas sapatilhas novas.
Na época seguinte, os treinos tinham dado frutos, a estatura ajudava e "transferi-me" para o F.C. Porto, juntando o útil ao agradável. Recordo-me que das primeiras atitudes que tomei foi comprar umas sapatilhas novas.
Um ano depois ainda na categoria de iniciados, o F.C.Porto reuniu três equipas numa só e eu tive a sorte de ser escolhido para ficar, ainda que tenha visto a maior parte dos jogos do banco. Mesmo sem lhes dar grande utilização nos jogos oficiais, a meio da época fui obrigado a adquirir.... já estão adivinhar...umas sapatilhas novas.
Só estou a perder tempo com os que nunca foram pais. Os outros sabem bem do que falo os pés acompanham o crescimento do corpo, ainda que em direcção perpendicular e sapatos que servem aos 11 anos não dão para os 12 nem para os 13.
Na questão da pretensa fuga dos habitantes do Porto, estamos na mesma. É preciso não confundir esta situação com a desertificação da Baixa do Porto.
A divisão administrativa do país é do tempo de Alexandre Herculano. Não de liceu, que sendo antigo é do nosso tempo. Esta estrutura nacional vem dos tempos em que o escritor ainda nem sonhava que ia ter um liceu e várias ruas com o seu nome. Pensem numa palavra mais forte que antiga.
Voltemos ao Porto. Os meus pais, que Deus mantém vivos, lembram-se bem do tempo em havia gente que vivia na "Baixa" e arrendava casa de férias na Foz. Do Douro. Não se riam, por favor.
Tirando o D. Quixote, não estou a ver ninguém que tenha legitimidade ou autoridade moral para investir contra esta fuga dos habitantes do Porto. Apetece-me lembrar que não é possível fugir de um sítio para o mesmo sítio e é disso que se trata. As pessoas mudam de casa do Porto para o Porto. Como dantes nos mudávamos de Paranhos para a Foz, hoje mudamo-nos da Foz para Matosinhos ou das Antas para Avintes.
A circunvalação terminou há muito a sua função. O concelho do Porto é uma figura de retórica. O PortoGaia é só uma passagem para a outra margem.
É preciso levar a sério a Região e engordar as freguesias de pessoas e recursos à custa de uma dieta forçada de algumas Câmaras. Alguns não vão gostar, mas não há partos sem dor nesta coisa das reformas.
Quem ainda não percebeu que aquilo a que faz sentido hoje chamar Porto é aquilo a que chamamos Área Metropolitana do Porto, só anda cá a ver passar comboios. E afinal nós já temos metro.
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