O Cartão do Cidadão foi uma reforma ousada e (muito) cara. Visava a atenuação do flagelo da burocracia e a consequente simplificação da vida dos cidadãos. Já nos dois actos eleitorais de 2009 se percebeu que o novo sistema levantava problemas: eleitores deslocados das suas mesas de voto de sempre, alguns, até, da freguesia ou do concelho onde sempre habitaram. Supunha-se que essas más experiências tivessem sido corrigidas ao mesmo tempo que se fez a "limpeza" dos cadernos eleitorais. Mas tal não aconteceu. O sistema parece ter aluído nestas eleições, perturbando as intenções de muitos eleitores que se viram obrigados a ir para casa sem votar, atarantados, face à barafunda instalada. Ouvi o director-Geral da Administração Interna desculpar-se com os "novos eleitores" - mas bastava passar alguns minutos a ver qualquer canal de notícias para se perceber que a confusão atacava os novos e os velhos eleitores indiscriminadamente. Esta desordem administrativa é uma vergonha (mais uma!) que Portugal está hoje a sofrer na Imprensa internacional. Em qualquer país normal, os responsáveis por gerarem um sistema que reincide em impedir os eleitores de exercerem o seu direito de voto seriam imediatamente demitidos - e o primeiro a sair deveria ser o próprio ministro. Mas somos o que somos e acredito que dificilmente existirá um mero pedido de desculpas...
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