- Os polacos protestaram vigorosamente há dois anos contra a visita do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, a Gdansk, no Mar Báltico, para assinalar o aniversário do início da II Guerra Mundial.
- Húngaros e eslovacos esgrimem tensos argumentos dos dois lados da fronteira.
- A minoria húngara na Roménia reclama direitos que, segundo garante, não lhe são reconhecidos.
- O mesmo se passa com a minoria russa na Letónia.
- O exército turco desfila periodicamente em parada para lembrar o dia em que esmagou os invasores gregos na Trácia, ia decorrida a década de 20 do século passado.
- Bascos e catalães mantêm a obsessão de cortar os elos institucionais com Madrid.
- Na Finlândia e na Lituânia, as recordações dos massacres soviéticos ainda ferem muitas sensibilidades.
- A Bélgica ameaça implodir a todo o momento, fragmentada por conflitos étnicos e linguísticos.
- Os Balcãs são um barril de pólvora temporariamente neutralizado.
- A Escócia promete um referendo para se tornar independente do Reino Unido.
- A Córsega aceita com crescente relutância o domínio político de Paris enquanto os pós-fascistas, no norte de Itália, sonham com a erupção da Padânia, sem qualquer vínculo político com o resto do país.
- Em Portugal é latente um crescente desconforto entre o Norte do país e a macrocéfala, centralista e colonialista capital, Lisboa, em muito provocado pela engordar daquela face ao constante roubo e esbulho dos bens da outrora mais rica região do país.
- Na antiga Alemanha de Leste crescem os sentimentos xenófobos: os movimentos de extrema-direita atingem já mais de 20 por cento das simpatias dos eleitores jovens em certas cidades. Convém anotar, de passagem: Gdansk é o nome actual da velha Danzig, onde começou a II Guerra Mundial. Há sete décadas. Anteontem, em termos históricos.
A Europa é uma construção política demasiado frágil para podermos adormecer confiados em sonhos de paz perpétua. Não nos iludamos: este continente em que vivemos mantém feridas mal cicatrizadas, fronteiras mal definidas, conflitos de toda a natureza que poderão reacender-se a qualquer pretexto. Quem se gaba de a Europa ser a parcela mais 'civilizada' do globo terrestre esquece que foi precisamente aqui que começaram as duas guerras mais sangrentas e devastadoras de todos os tempos. Saibamos interpretar os sinais da História.
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