Uma das características do povo Português é ser adesivo. Ou seja, agir conforme os seus interesses, qual o líder mais forte, quem paga melhor. A instauração da república em Portugal foi o início do fomento desse traço cultural. Em primeiro lugar entre as chamadas elites.
Quantos indivíduos que se diziam leais a D. Manuel II na manhã de 5 de Outubro, deram vivas à república na manhã do dia 6 de Outubro? Só na condição de serem adesivos é que essa realidade foi possível. E normalmente essa franja da população eram os que estavam mais próximos de D. Manuel II, ou estavam em altos cargos do estado ou tinham interesses monopolistas, em termos de comércio.
Isto, enquadrados por uma certa ala da maçonaria hoje irregular.
A 1ª República, sendo uma oligarquia, mais do que haver republicanos convictos, era composta por adesivistas, desejosos do seu protagonismo político. Assim se explica a presidência de João Canto e Castro, após a morte de Sidónio Pais.
Falo no caso de João Canto e Castro porque este estando erradamente conotado à causa real, não passava de mais um adesivo, desejoso do egoísmo burguês de ter poder político. Dizia-se monárquico para manter um certo status de aristocrata da república, mas, não passava de um adesivo. Senão não se explica porque não apoiou Paiva Couceiro com a sua restauração da monárquica, no norte do país.
Este adesivismo republicano é visível no golpe militar de 28 de Maio de 1926. Quantos ditos republicanos não passaram para o autoritarismo personificado de Óscar Carmona? Ou se passaram para a oposição foram os intelectuais e os dirigentes republicanos.
E o adesivismo continua visível em Salazar: Quantos militares passaram para o lado de Salazar que tinham sido bons republicanos e quantos monárquicos não passaram para o lado de Salazar?
Temos o caso de Norton de Matos. Político influente na 1ª república porque é que se ia candidatar às presidenciais de 1949? O caso dos monárquicos é mais que evidente: Salazar sabia que conseguia travar a restauração monárquica na década de 50 porque os monárquicos, como qualquer bom Português eram adesivos.
E o adesivismo continua visível na actualidade: Quantos monárquicos se dizem apoiantes do Rei, quanto apenas estão preocupados com o seu status?
E no caso dos republicanos temos o caso de Zita Seabra: PCP/PSD; Durão Barroso: Esquerda extremista para o PSD; José Sócrates: JSD para o PS
Falar do adesivismo em Portugal é matéria para muitos artigos porque estamos perante uma característica muito vincada do ser Português e que deve ser exposta e combatida pelo bem comum.
Daniel Nunes Mateus no networkedblogs.com
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