Cientistas do Instituto de Biologia Molecular e Celular (Porto) descobriram um gene, a que chamaram Viriato, que controla a proliferação das células e o desenvolvimento de tumores.
Cientistas do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Porto, descobriram um gene que controla a proliferação das células e que poderá desempenhar um papel importante no desenvolvimento de tumores.
Chamaram-lhe Viriato e estudaram as suas funções na mosca-da-fruta (Drosophila), inseto onde habitualmente se fazem estudos genéticos, tendo demonstrado que a ausência do Viriato causa problemas de crescimento nos tecidos e no desenvolvimento do organismo.
Os investigadores descobriram também que o Viriato está envolvido no crescimento celular descontrolado induzido pelo oncogene MYC. Os oncogenes são os genes relacionados com o surgimento de tumores malignos ou benignos.
Nas células, o nucléolo é onde se constroem os ribossomas, as fábricas para a síntese das proteínas, e sabe-se que a expressão descontrolada do oncogene MYC está associada ao desenvolvimento de tumores, em que a observação das mudanças no nucléolo indica habitualmente um mau prognóstico.
Ou seja, o MYC ativa o Viriato, que entretanto atua no nucléolo, estimulando o crescimento descontrolado das células.
Descoberta publicada na revista "Development"
"Este é o primeiro trabalho científico em que se estudaram as funções do gene num organismo", afirma o coordenador do projeto, Paulo Pereira, acrescentando que "o próximo passo será determinar até que ponto os tumores com alterações na estrutura do nucléolo apresentam níveis desregulados de Viriato, e de que forma alterações na função deste gene poderão estar associadas ao desenvolvimento tumoral".
O trabalho da equipa do IBMC é publicado amanhã na revista científica de referência mundial "Development". Joana Marinho, que assina o artigo com Paulo Pereira e Fernando Casares, salienta que "os ribossomas participam no controlo de todos os aspetos da vida das células, e em particular na sua capacidade para crescer e proliferar".
O Instituto de Biologia Molecular e Celular é um laboratório associado onde trabalham 500 pessoas, incluindo 200 doutorados, e 30 equipas de investigação em três áreas: neurociências, infeção e imunidade, biologia molecular e celular.
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