Atenção: este texto pode ferir mentes suscetíveis. Imagine uma bolinha vermelha no canto superior direito deste jornal. Pronto, agora sim, já pode ler a crónica de hoje. Eram cinco da tarde e a RTP1 anunciava uma "estreia" cinematográfica. A estação pública propunha-nos para uma familiar tarde de domingo o filme Adoro-Te... à Distância. É um filme de 2010, uma comédia romântica sobre um amor de verão, assinada por Nanette Burstein. Enfim, um pastilha como a maior parte das comédias românticas, mas aparentemente adequada à idade. Vinte minutos depois do início do filme, percebi que... só aparentemente. É que, de repente, da boca dos protagonistas saíram expressões como esta: "... quer dizer que ela anda a mamar todas as piças de Stanford." Ou como esta: "E quando a fores visitar, vais beijar a fábrica de mamadas que é a boca dela." Ou ainda: "Mas parece que estás possuído pela vagina dela." E, finalmente (porque mudei de canal a seguir):"É a única maneira de eu me vir." Que fique claro: nada tenho contra os bordões de linguagem, nem com o jargão de cariz sexual. O que cada um diz na sua intimidade ou em conversa de amigos é lá consigo. Uma coisa bem diferente é a utilização desta linguagem na TV. É possível, mas em determinado contexto, em horário apropriado, e com as devidas salvaguardas. Assim, não. E apetece perguntar quem é que escolhe, e com que critérios, os conteúdos que passam na grelha da TV pública. Será que quem o fez olhou para o título, pensou que era uma comédia tonta, e que seria indicada para domingo à tarde, quando as crianças, supostamente, estão em frente à televisão?
Nuno Azinheira, in DN
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