Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar: o drama das águas



A Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar são duas pitorescas povoações num belíssimo pedaço de costa. A Goodyear fez a estrada entre as duas e recomenda.

Entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar ficam apenas três quilómetros de estrada, não mais do que 10 minutos de carro. Contudo, é uma frente de mar dramática e pujante que nos obriga a relaxar a condução e a espreitar o horizonte. Nesta costa já naufragaram muitas vidas, fizeram-se outras tantas, mas o Oceano continua aqui a ser o rei da paisagem, o senhor que alimenta o povo mas também o fustiga em momentos de temporal. Com a vontade de regressar ao berço de algum do melhor marisco português, a Goodyear agarrou no carro e foi até às Azenhas do Mar.
A zona que se estende a norte do Cabo da Roca é de uma enorme beleza mas não tem a sorte de contar com suficientes estradas cénicas para satisfazer os anseios de quem gosta de conduzir ao lado do mar. Para sul, quem vier dos lados da Malveira e Colares, tem a estrada que vai até à Azóia, uma delícia que milhares de motards continuam a experimentar todos os domingos de manhã, mas na direcção oposta, precisamos de chegar ao percurso entre a Praia das Maçãs e as Azenhas do Mar para sentir o aroma da maresia.
Desta vez os quilómetros que temos para vos contar não são muitos, mas as estradas bonitas não precisam de ser compridas para ficarem na memória e, se o leitor achar que é pouco, desafiamos a que faça o percurso duas vezes, uma vez para lá e outra para cá. A mudança de perspectiva sobre as rochas e o mar é tudo o que necessitamos para esticar o prazer desta deliciosa estrada por mais alguns minutos.

Praia das Maçãs

Ponto histórico, que é já um centenário ponto de veraneio, vamos começar o nosso percurso mesmo no meio do areal da Praia da Maçãs. Já recebeu a nobreza de Sintra e é hoje em dia uma praia de famílias no verão, mas o inverno costuma chegar com cerradas neblinas e um mar bravo. O melancólico encanto desses dias de nevoeiro é um dos postais da região e, confessamos, um dos motivos pelos quais gostamos de aqui vir. Os eléctricos de Sintra costumam chegar repletos de turistas, mas nesta altura do ano há mais espaço e vagar para apreciarmos esta aldeia e até aproveitarmos algum dos bons restaurantes que aqui há.

Em ruas de pescadores

Agora sim, pegamos no carro e damos uma última espreitadela à povoação. Pela estrada que vamos seguir iremos passar por vários restaurantes e pode começar já a fazer planos para o que fazer quando a fome apertar. O Búzio já está aqui na terra há quase 60 anos, tem a qualidade que a sua fama exige e uma belíssima carta de mariscos. Mais atrás, de regresso ao areal, fica outro clássico, o Neptuno, onde o peixe continua a ser excepcional. Mas ainda é cedo para tais aventuras, e nós viemos aqui foi para devorar quilómetros.

O murmúrio do mar

É a partir daqui que a paisagem se abre e nos deparamos com o mar e toda a sua força. Daqui até à Azenha do Mar vamos passar a ter como companhia as rochas e as ondas que nelas embatem, ao longe os barcos e a visão da Ericeira debruçada sobre as águas. De frente para o mar, o casario que vai acompanhar-nos no resto do caminho, pinta-se de branco e reflecte com força a luz do sol. Contudo, vamos descobrir mais tarde o contraste que cria com as Azenhas do Mar, de construção muito mais modesta.


Um drama que se pinta nas rochas

Com tempo para apreciar, fazemos um pequeno desvio para a estrada de terra batida que se estende ao nosso lado e paramos o carro. É um local onde, ao longo dos anos, já parámos um número incontável de vezes. Por alturas do verão é o sítio ideal para fugir às multidões da Praia das Maçãs, mas no inverno é um anfiteatro para apreciarmos a pujança da natureza que se estende à nossa frente. Deixe-se estar aqui, num dia de chuva, dentro do carro, com uma banda sonora suficientemente dramática, Wagner ou Portishead, e vai entender porque é que este bocado de costa é tão especial.

Entre o velho e o novo

Enquanto a Praia das Maçãs teve um crescimento à volta da praia e do verão, a Azenha é mesmo terra de pescadores, por isso começamos a encontrar sinais claros desse passado, armazéns de empresas já desaparecidas, edifícios abandonados que, um dia, ajudaram à faina. Toda a zona de Sintra é pródiga nesta mistura de velho e novo, abandono e paixão, que lhe emprestam o charme tão especial.

A espreitar o vale

Antes de descermos para a vila, é neste miradouro que vamos entender a sua singularidade. Encavalitada sobre o monte, a localidade é um mosaico de diferentes épocas e ocupações, com casas de férias dos anos 30 misturadas com típicas habitações de pescadores. No sopé do monte, como se guardasse a terra da fúria das águas, as famosas piscinas oceânicas são uma curiosa construção bem encaixada na rocha, como se sempre aí tivesse estado. É só ilusão: de cada vez que chega um temporal, as piscinas desaparecem como se escondessem da inclemência.

Onde o mar se pinta de ouro

Vire à esquerda e desça até à zona das piscinas. Chegámos ao vale que resulta da parede gigante de rochas que se estende à nossa direita e que foi roubada ao mar pela teimosia do Homem. À nossa frente só vemos espuma , uma longa fiada de ondas que se desfaz lá ao longe no mar e pinta o Oceano de branco. Faça as contas para tentar chegar aqui ao pôr do sol e, se necessário, reserve mesa no restaurante Azenhas do Mar. Acompanhado por percebes, lavagante e ostras, a luz do sol começa a dar tons de ouro e laranja a estas águas, numa visão que nenhum visitante esquecerá.
Se ainda ficou com apetite para mais, faça agora o caminho de regresso pela mesma estrada, agora só com a luz da Lua por companhia. Afinal, Sintra era o Monte da Lua.

0 comentários: