Justiça seja feita, ninguém bate o Partido Socialista na propaganda política. Não obstante — ou obstante — o minguamento do PIB, o aumento dos atrasos nos pagamentos aos fornecedores, o total colapso do investimento, o falhanço da estratégia do estímulo ao consumo interno, o PS, demais títeres e uns quantos jornalistas embevecidos vendem o défice projectado para 2016 como um feito incrível, como «o menor défice de sempre em 42 anos de democracia». Repare-se na ironia do destino: os mesmos que criaram o maior défice de sempre da história da democracia, registado em 2010, são agora aqueles que se fazem rogar pelo menor défice da democracia, de 2.6%, que poderá ser atingido graças à trajectória de ajustamento dos últimos 4 anos, aos fornecedores do Estado (obrigadinho), à suspensão do investimento e ao adiamento da recapitalização ultra-urgente da Caixa.
Tudo isto não seria de um provincianismo atroz se o feito fosse efectivamente acompanhado de algum mérito. Mas não é. Quando olhamos para o esforço de consolidação orçamental (i.e. redução do défice orçamental, líquido de medidas extraordinárias, entre dois anos seguidos) vemos que os 2.6% que se estimam para este ano constituem uma tímida redução de 0.4pp, a menor redução dos últimos anos.
Como se tanta tontice não chegasse, aqueles que advogavam e elogiavam a inteligentíssima estratégia de estímulo ao consumo — falo, entre demais quejandos, de Nicolau Santos —, vêm agora elogiar a «inteligente» alteração da estratégia de Mário Centeno, que, em 2017, pretende apostar mais no investimento e — pasmem-se — nas exportações. Esta nem o Éder.
Fonte: 2010-2013: Comissão Europeia (pp. 19, Tabela 2.1); 2014 e 2015: INE. O valor para 2015 foi revisto em baixa (de 3.1% para 3%) após revisão em alta do crescimento do PIB de 2015 de 1.5% para 1.6%.
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