Artigo de Rui Moreira
(...) foi uma excelente oportunidade para rever e conversar com alguns velhos amigos lisboetas.
(...) Preferi falar no centralismo, que se vem acentuando a cada novo Governo e se vai agravar com o modelo escolhido para a reforma da administração pública mas interromperam-me, dizendo que vivemos num tempo em que as novas tecnologias permitem que os serviços do Estado sejam concentrados e centralizados sem perda de qualidade para o utente e com evidentes benefícios de todos. Quando lhes perguntei se esse argumento de racionalização não era urna faca de dois gumes já que pela mesma razão se podiam deslocalizar alguns serviços da capital para Bragança sem que o utente da capital fosse prejudicado com isso. Percebi que as coisas iriam azedar e não quis ser antipático, porque o ambiente era festivo.
A conversa resvalou então para os grandes investimentos, onde todos pareciam concordar em que a Ota era um disparate mas pela simples razão de ser longe de Lisboa e, a propósito, falaram-me do escandaloso Metro do Porto, que seria o exemplo das vícios que só se agravariam se o país fosse regionalizado, o que daria mais poder aos autarcas, uma classe amaldiçoada e sempre desavinda de que os caciques nortenhos eram o pior exemplo. Não valia a pena retorquir que, apesar dos seus erros, o nosso Metro é mais barato e mais bem gerido do que o da capital mas, em desespero de causa, lembrei-lhes que o recente escândalo na Câmara Municipal de Lisboa mostrara que, afinal o problema autárquico não era um exclusivo nortenho. O que eu no sabia é que, como na sua origem estava envolvida uma empresa do Norte, era visto como um escândalo de importação, o que, ao fim e ao cabo e aos olhos desses meus bons amigos explicava quase tudo!...
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