Convenhamos que é estranho. Toda a semana li e ouvi sobre esse feito notável, espantoso, superlativo, que seria o Sporting ganhar o campeonato. O Benfica também, mas menos. E nada, nada mais seria necessário: FC quê? O treinador do Paços de Ferreira colocava a vitória frente ao FC Porto como um objectivo maior do que a sua própria equipa aceder à Taça UEFA. Os jogadores do Sporting apoiaram o Paços de Ferreira durante a semana, Paulo Bento forneceu a táctica, Soares Franco a fleuma. O engenheiro do Benfica, coitado, falava de matemática.
Num fim-de-semana favorável à fé dos homens, leram-se manifestos contra a IKEA e a favor das nobres fábricas de Paços de Ferreira onde se reproduzem os modelos dos catálogos da IKEA -- ah, não sabiam? -- desde que o Paços Ferreira não inviabilizasse a vitória do Sporting no campeonato. Linguagem de burocrata, portanto. Mas foi emotivo, foi. Nos jornais, nas rádios, na transmissão da TVI, o Sporting estava em primeiro. Aos três minutos do jogo, dizia o jornalista numa alegria pueril, víamos ali o líder do campeonato.
Na rádio, quando o Paços marcou, a celebração foi mais longa do que a última vitória do FC Porto na Liga dos Campeões. Não se via tanta excitação desde a idiota «defesa» da PT contra a Sonae do «norte», do «Porto», lá deles, que certamente só pelos ares do fim do Douro consegue dar o exemplo ao resto do tecido empresarial português. Oh, mas lembrem-se que regionalistas -- no desporto, na economia, na política -- só mesmo no Porto no Porto no Porto. As pessoas engasgam-se com tanto regionalismo e francesinhas, como todos sabem mesmo que não saibam. Vem nos livros, não é?
Mas apesar de tudo isso e tantos adjectivos pintados de verde, dá-se o caso de outra equipa estar em primeiro lugar no campeonato desde o primeiro jogo de todos os jogos e, no fim de contas, parece que ao FC Porto só falta mesmo mais uma vitória ou eventualmente um empate ou eventualmente uma derrota -- risos -- para ser campeão outra vez. É assim a vida. No caso, chama-se bicampeonato. Desculpem lá qualquer coisinha.
(*) via KONTRATEMPOS
Num fim-de-semana favorável à fé dos homens, leram-se manifestos contra a IKEA e a favor das nobres fábricas de Paços de Ferreira onde se reproduzem os modelos dos catálogos da IKEA -- ah, não sabiam? -- desde que o Paços Ferreira não inviabilizasse a vitória do Sporting no campeonato. Linguagem de burocrata, portanto. Mas foi emotivo, foi. Nos jornais, nas rádios, na transmissão da TVI, o Sporting estava em primeiro. Aos três minutos do jogo, dizia o jornalista numa alegria pueril, víamos ali o líder do campeonato.
Na rádio, quando o Paços marcou, a celebração foi mais longa do que a última vitória do FC Porto na Liga dos Campeões. Não se via tanta excitação desde a idiota «defesa» da PT contra a Sonae do «norte», do «Porto», lá deles, que certamente só pelos ares do fim do Douro consegue dar o exemplo ao resto do tecido empresarial português. Oh, mas lembrem-se que regionalistas -- no desporto, na economia, na política -- só mesmo no Porto no Porto no Porto. As pessoas engasgam-se com tanto regionalismo e francesinhas, como todos sabem mesmo que não saibam. Vem nos livros, não é?
Mas apesar de tudo isso e tantos adjectivos pintados de verde, dá-se o caso de outra equipa estar em primeiro lugar no campeonato desde o primeiro jogo de todos os jogos e, no fim de contas, parece que ao FC Porto só falta mesmo mais uma vitória ou eventualmente um empate ou eventualmente uma derrota -- risos -- para ser campeão outra vez. É assim a vida. No caso, chama-se bicampeonato. Desculpem lá qualquer coisinha.
(*) via KONTRATEMPOS
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