Manuel Vitorino, Malacó, no JN
Ouviram-se notas de dó e nostalgia, ontem, no decorrer do leilão da Tito & Cunha, Lda, Porto, uma das mais prestigadas casas do comércio tradicional de enxovais para noivas, casamentos e baptizados. "Foi muito triste assistir ao fim deste império", contou, ao JN, Odete Santos, antiga trabalhadora da empresa. Tristezas à parte, a licitação dos seis lotes cifrou-se em 110 mil euros e o valor global da hasta pública não foi além dos 150 mil euros.
A loja da Praça Carlos Alberto, reabriu, ontem, como fechou, às 19 horas, do dia 12 de Abril. Nas vitrinas, expositores e manequins, lá estavam os vestidos de noiva, fatos de comunhão e de baptizado, camisas, adereços, um mundo de sonhos feitos em tecidos finos. "Tínhamos encomendas de todo o lado. Por estas paredes passaram gerações de portuenses e ao longo dos anos, ajudámos a vestir famílias inteiras, milhares de noivos e bebés. Foi uma grande casa comercial. Vim para aqui com 15 anos e trabalhei durante 37 anos. Este mundo fazia parte da minha família", continuou Odete Santos.
Agora, neste estabelecimento feito de memórias, já não há tempo a perder e outras contas são feitas. São 15 horas e o leiloeiro da empresa só está atento aos números e aos lances (tímidos) dos interessados na arrematação das diferentes lojas comercias (na Praça de Carlos Alberto e Rua da Galeria de Paris) mais o recheio, composto por dezenas de máquinas, malhas, tecidos, conjuntos de vestidos para cerimónias, chapéus de noiva, lingerie, roupas de senhora e de criança.
Ao fim de meia hora, todo o império sonhado e construído ao longo de quase meio século (a empresa nasceu em Abril de 1960) pelo empresário Tito Cunha tinha mudado de mãos e os seis lotes da praça arrematados por 150 mil euros.
No final do leilão, a directora de marketing da empresa Leilosoc, encarregada de levar à praça os bens contantes no processo de insolvência da empresa, mostrou-se optimista quanto ao volume dos negócios "As vendas ultrapassaram as expectativas. Não podemos esquecer que existem mais lojas comerciais na zona. O leilão correu bem", considerou.
Cidade sem pessoas
Numa cidade cheia de obras, deserta e sem pessoas, o comércio tradicional já conheceu melhores dias. Muitas casas fecharam por falta de clientela, outras adaptaram-se ao mercado e tentam resistir aos tempos e às modas. Agora, no estabelecimento da Fábrica e Armazéns das Carmelitas (da firma Fernandes, Mattos & Companhia), na Rua das Carmelitas, em vez de tecidos, fazendas e colchas, vendem-se bordados, decorações, têxteis para o lar. "Tivémos de adaptar os produtos à clientela", diz José Correia, empregado da empresa fundada em 1886.
Na Praça de Gomes Teixeira, em frente à Reitoria da Universidade do Porto, os centenários Armazéns Cunha já tiveram tempos de glória. Com o aparecimento das grandes superfícies comerciais perdeu clientes e negócios "Vamos resistindo. As sucessivas obras na zona desde 2001 e a falta de apoio ao comércio tradicional preocupam-nos. Os comerciantes estão fartos de tantas obras", considerou João Bravo, filho do proprietário.
Má sorte tiveram as Galerias BomBom, armazém de tecidos da firma António M. Rua, situada na Rua dos Clérigos. Fechou portas em Janeiro deste ano, mas muitos clientes ainda lá vão ao engano "Ainda cá vem gente na mira de compras. Foi uma casa de referência, mas teve o destino de tantas outras. Fechou sem glória", disse a encarregada da loja Sapatália que, desde há meses, ocupa parte das antigas instalações.
No centro da Baixa, outras casas com memórias degradam-se a olhos vistos a Casa Forte, na Rua de Sá da Bandeira e a Casa Lã Maria, na Rua de Fernandes Tomás, são alguns exemplos. Esperam há vários anos a sua demolição para outros usos na cidade. Sem gente dentro.
Ouviram-se notas de dó e nostalgia, ontem, no decorrer do leilão da Tito & Cunha, Lda, Porto, uma das mais prestigadas casas do comércio tradicional de enxovais para noivas, casamentos e baptizados. "Foi muito triste assistir ao fim deste império", contou, ao JN, Odete Santos, antiga trabalhadora da empresa. Tristezas à parte, a licitação dos seis lotes cifrou-se em 110 mil euros e o valor global da hasta pública não foi além dos 150 mil euros.
A loja da Praça Carlos Alberto, reabriu, ontem, como fechou, às 19 horas, do dia 12 de Abril. Nas vitrinas, expositores e manequins, lá estavam os vestidos de noiva, fatos de comunhão e de baptizado, camisas, adereços, um mundo de sonhos feitos em tecidos finos. "Tínhamos encomendas de todo o lado. Por estas paredes passaram gerações de portuenses e ao longo dos anos, ajudámos a vestir famílias inteiras, milhares de noivos e bebés. Foi uma grande casa comercial. Vim para aqui com 15 anos e trabalhei durante 37 anos. Este mundo fazia parte da minha família", continuou Odete Santos.
Agora, neste estabelecimento feito de memórias, já não há tempo a perder e outras contas são feitas. São 15 horas e o leiloeiro da empresa só está atento aos números e aos lances (tímidos) dos interessados na arrematação das diferentes lojas comercias (na Praça de Carlos Alberto e Rua da Galeria de Paris) mais o recheio, composto por dezenas de máquinas, malhas, tecidos, conjuntos de vestidos para cerimónias, chapéus de noiva, lingerie, roupas de senhora e de criança.
Ao fim de meia hora, todo o império sonhado e construído ao longo de quase meio século (a empresa nasceu em Abril de 1960) pelo empresário Tito Cunha tinha mudado de mãos e os seis lotes da praça arrematados por 150 mil euros.
No final do leilão, a directora de marketing da empresa Leilosoc, encarregada de levar à praça os bens contantes no processo de insolvência da empresa, mostrou-se optimista quanto ao volume dos negócios "As vendas ultrapassaram as expectativas. Não podemos esquecer que existem mais lojas comerciais na zona. O leilão correu bem", considerou.
Cidade sem pessoas
Numa cidade cheia de obras, deserta e sem pessoas, o comércio tradicional já conheceu melhores dias. Muitas casas fecharam por falta de clientela, outras adaptaram-se ao mercado e tentam resistir aos tempos e às modas. Agora, no estabelecimento da Fábrica e Armazéns das Carmelitas (da firma Fernandes, Mattos & Companhia), na Rua das Carmelitas, em vez de tecidos, fazendas e colchas, vendem-se bordados, decorações, têxteis para o lar. "Tivémos de adaptar os produtos à clientela", diz José Correia, empregado da empresa fundada em 1886.
Na Praça de Gomes Teixeira, em frente à Reitoria da Universidade do Porto, os centenários Armazéns Cunha já tiveram tempos de glória. Com o aparecimento das grandes superfícies comerciais perdeu clientes e negócios "Vamos resistindo. As sucessivas obras na zona desde 2001 e a falta de apoio ao comércio tradicional preocupam-nos. Os comerciantes estão fartos de tantas obras", considerou João Bravo, filho do proprietário.
Má sorte tiveram as Galerias BomBom, armazém de tecidos da firma António M. Rua, situada na Rua dos Clérigos. Fechou portas em Janeiro deste ano, mas muitos clientes ainda lá vão ao engano "Ainda cá vem gente na mira de compras. Foi uma casa de referência, mas teve o destino de tantas outras. Fechou sem glória", disse a encarregada da loja Sapatália que, desde há meses, ocupa parte das antigas instalações.
No centro da Baixa, outras casas com memórias degradam-se a olhos vistos a Casa Forte, na Rua de Sá da Bandeira e a Casa Lã Maria, na Rua de Fernandes Tomás, são alguns exemplos. Esperam há vários anos a sua demolição para outros usos na cidade. Sem gente dentro.
1 comentários:
Sou fernanda jovita.trabalhei na firma entre 1970 e 1979.Trabalhei na firma como quase todas as pessoas que trabalharam la com muito amor e cariño.Adorava saber como estao todas voces e se fosse possivel que me disseces como posso contactar com a dona albertina cunha ja que vivo ha muitos anos em espanha.O meu email e anacharrao@hotmail.com
Espero noticias
Fernanda Jovita
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