Ex.ma Senhora Directora do “Público”,
Reflexos cidadãos
Costumo dizer que a democracia é uma senhora muito antiga, muito digna, muito exigente e sempre insatisfeita. Trata-se de facto de uma construção minuciosa, rigorosa e permanente que nos convoca a todos, em todos os momentos. E que exige de nós um esforço constante de busca da verdade, pela procura de informação, pelo estudo, pela reflexão crítica, pela abertura aos mais diversos pontos de vista e opiniões. Há que duvidar das certezas, sempre e sobretudo quando não suportam o confronto com as interrogações e as dúvidas que legitimamente suscitam. Gosto de recordar (cito de memória) Pierre Mendès France: “só haverá verdadeira democracia, quando a sociedade for constituída por verdadeiros cidadãos agindo permanentemente enquanto tais”. E o que é um verdadeiro cidadão? “É aquele que não deixa aos outros a responsabilidade de decidir daquilo que lhe diz respeito e à comunidade a que pertence.”
Vêm estas considerações a propósito da imposição acelerada do Acordo Ortográfico de 1990, de que a maior parte dos cidadãos portugueses está a ser vítima, por parte de quem detém o poder político – Presidente da República, Governo, Assembleia da República – e de alguns media, com destaque para a RTP, que tem particulares responsabilidades de serviço público.
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