Morreu universitário agredido por alegados islamitas por estar a namorar
Um estudante universitário egípcio foi agredido mortalmente, em frente à namorada, depois de uma discussão com três suspeitos, alegados militantes islamitas, que interpelou o casal num parque por estar junto sem ser casado.
O crime, revelado esta quarta-feira por agentes de segurança, está a alimentar receios de que a eleição do islamita Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana, para a Presidência da República, fomente a criação de grupos de vigilantes focados na aplicação estrita dos costumes islâmicos.
Muçulmanos moderados, a par com movimentos liberais e grupos de mulheres, estão preocupados que a eleição de Morsi conduza, de forma paulatina, à erradicação das arreigadas tradições seculares egípcias e altere o contexto social da principal nação árabe, com 82 milhões de habitantes.
O estudante, Ahmed Hussein Eid, de 20 anos, foi atacado em 25 de junho, na cidade de Suez, á beira do Mar Vermelho, a oriente do Cairo, quando estava com a namorada num parque público, procurado para encontros românticos, especificaram os agentes.
Os três homens, que se deslocavam numa motocicleta, disseram-lhes que não podiam estar juntos porque não eram casados, que se deviam separar imediatamente e seguir por caminhos separados.
Depois de uma discussão, um dos três agrediu Eid na zona dos órgãos genitais, do que resultou a sua hospitalização, vindo a morrer na segunda-feira, de acordo com os agentes, que falaram sob anonimato.
A cidade do Suez é uma praça-forte islamita, que votou esmagadoramente em Morsi.
Na semana anterior, dois músicos foram assassinados, também por alegados militantes islamitas, numa província do Delta do Nilo. Os muçulmanos extremistas consideram que ouvir música é proibido, por ser uma distração dos deveres religiosos.
Os agentes de segurança adiantaram que não havia qualquer prova que ligasse os atacantes em Suez a qualquer dos principais grupos islamitas egípcios.
Todos os grupos, incluindo a Irmandade Muçulmana, negaram qualquer ligação aos assassinos.
Tem havido uma série de incidentes através do país que aponta para uma tentativa dos islamitas radicais de colocarem o Egito mais alinhado com as regras islâmicas, desde o derrube de Mubarak.
Várias universidades nas províncias estão a separar os estudantes por sexo nas salas de aula e tem havido incidentes quando estudantes militantes obrigam ao cancelamento de espetáculos musicais.
Cerca de 100 ativistas, de partidos políticos e organizações não governamentais, divulgaram uma declaração em que apelam a Morsi que proteja as mulheres contra o que dizem ser um número crescentes de ataques a mulheres, em particular contra as que não têm o véu muçulmano.
"Estes incidentes não são apenas ataques às mulheres, mas também a todo a sociedade egípcia que, ao longo dos séculos, tem sido caracterizada pela diversidade intelectual e cultural", escreve-se na declaração.
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