O homem da máquina de calcular (*)

"(...) nas cerimónias do 10 de Junho, Cavaco Silva vai condecorar Rui Rio com a Ordem do Infante D. Henrique. De acordo com a página da presidência, esta ordem visa distinguir aqueles que houverem prestado:

• Serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro;
• Serviços de expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, sua história e seus valores.

Rui Rio renovou o seu mandato na Câmara Municipal do Porto com um falso combate aos «poderes fáticos» da cidade. Isso conquistou o país, primeiro; e alguns portuenses, depois. Diariamente, porém, a realidade desmente toda a propaganda de Rui Rio e a sua incapacidade é simplesmente confrangedora. Rui Rio é um autarca cujo principal legado político no Porto será o definhamento das sinergias da cidade ao longo dos seus oito anos de poder e a ausência absoluta de um pensamento integrado no Porto-região. Na cultura, onde Manuela Melo havia desempenhado um papel de vulto no executivo socialista, Rui Rio conseguiu alienar todo o capital da Porto'2001 e esvaziou qualquer dinamismo nos teatros municipais. Com ele, também se inflectiu o papel da autarquia no estímulo às potencialidades da Universidade do Porto enquanto eixo inalienável de desenvolvimento da região. E, para cúmulo, a Assembleia Municipal vai discutir na próxima segunda-feira a substituição da CulturPorto por uma coisa inócua que dará pelo nome de PortoLazer. Bem ao estilo de Rui Rio, uma empresa municipal com uma novilíngua hostil à própria ideia de um campo de produção e promoção cultural. Mas que será bastante útil para a organização de umas corridas de trastes automóveis nas ruas do Porto. É nisto que se está a transformar esta cidade. Na cultura como no resto. As autárquicas, claro, são já em 2009. Até lá, teremos um presidente medalhado. E um bom motivo para rir com O´Neill, enquanto eles assim se assoam à gravata por engano. "

(*) copy paste do Kontratempos